O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, devem se reunir novamente nesta quinta-feira (13), em Washington, para discutir o chamado tarifaço — o pacote de sobretaxas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
A reunião dá sequência a um breve encontro ocorrido na quarta-feira (12), à margem de uma reunião ministerial do G7, no qual os dois diplomatas conversaram por cerca de cinco minutos.
Fontes do Itamaraty afirmam que o objetivo imediato é manter aberto o canal político entre Brasília e Washington, reforçando a disposição dos governos Lula e Trump em buscar uma solução negociada. O diálogo é visto como essencial para evitar uma escalada nas tensões comerciais e preservar o espaço para entendimentos multilaterais.
O impacto do tarifaço sobre o comércio brasileiro
O tarifaço, anunciado em julho e em vigor desde agosto, acrescentou uma sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras de café, carne, frutas, pescados, suco de laranja e máquinas industriais.
A justificativa oficial do governo norte-americano é política: Washington alegou que as medidas respondem à suposta “perseguição judicial” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como alvo de críticas.
O governo brasileiro, por sua vez, considera as sanções injustificadas e desproporcionais. Mesmo com as novas tarifas, os Estados Unidos continuam registrando superávit significativo no comércio com o Brasil. A diplomacia brasileira busca não apenas a suspensão das sobretaxas, mas também a reversão das sanções contra cidadãos brasileiros enquanto as negociações estiverem em andamento.
Negociações sob a sombra da Lei de Comércio americana
Outro ponto sensível na pauta entre Vieira e Rubio é a investigação aberta sob a Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos, que permite a aplicação de sanções unilaterais contra países acusados de práticas comerciais desleais. No caso brasileiro, os temas investigados envolvem comércio digital, propriedade intelectual, serviços financeiros e o uso do Pix como meio de pagamento instantâneo.
O Itamaraty tenta evitar que essa investigação resulte em novas punições e reforça que o Brasil tem atuado com transparência e respeito às normas internacionais. Apesar de ainda não haver avanços concretos, diplomatas brasileiros veem o encontro como um sinal de reaproximação, especialmente após meses de distanciamento e críticas mútuas.
Recomeço cauteloso nas relações bilaterais
Para analistas em Brasília, a reunião entre Vieira e Rubio representa mais do que uma negociação comercial: é um gesto político de tentativa de reconstrução da confiança entre os dois governos.
Duas semanas após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, em um evento na Malásia, o diálogo direto entre os ministros simboliza um recomeço cuidadoso das relações diplomáticas.
Mesmo sem garantias de um acordo imediato, o esforço de ambas as partes em manter o diálogo ativo é visto como fundamental para restaurar o equilíbrio na parceria Brasil-EUA. O desfecho das tratativas sobre o tarifaço será um teste importante para medir até onde vai a disposição de Washington em reconstruir pontes com Brasília.






