Durante uma entrevista à Fox News exibida na terça-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende reduzir as tarifas sobre o café importado. Sem especificar quais países serão beneficiados ou o tamanho do corte, ele declarou que “haverá mais do produto entrando em território norte-americano”.
O comentário surgiu quando a jornalista Laura Ingraham mencionou o aumento do custo de vida nos EUA. Trump rebateu dizendo que a situação econômica do país é sólida. “Estamos indo fenomenalmente bem, é a melhor economia que já tivemos”, afirmou.
“Eles falam coisas como ‘os custos estão altos, os custos estão altos’. A única coisa é carne”, disse o presidente, antes de ser interrompido por Ingraham, que citou o café. O republicano respondeu: “A carne está um pouco alta porque os fazendeiros estão indo bem. Sobre o café, vamos baixar as tarifas, vamos ter algum café entrando”.
Trump e café: tarifas, impacto no Brasil e cenário econômico
As medidas anunciadas por Trump podem afetar diretamente o Brasil, principal exportador mundial do grão. Desde agosto, o tarifaço imposto por Washington reduziu significativamente o volume de exportações brasileiras.
Naquele mês, os Estados Unidos importaram 301 mil sacas de café, uma queda de 46% em comparação com agosto de 2024 e de 26% em relação a julho de 2025. A Alemanha assumiu o posto de maior compradora.
Em setembro, os EUA caíram para a terceira posição no ranking de importadores, adquirindo 332.831 sacas, 52,8% a menos que no mesmo mês do ano anterior. A Alemanha liderou com 654.638 sacas, seguida pela Itália, com 334.654.
Apesar da retração, os norte-americanos ainda são o principal destino do café brasileiro no acumulado de 2025, com 4.361.000 sacas, o que representa cerca de 15% das exportações totais.
No mesmo período, o Brasil exportou 3.140.000 sacas, uma redução de 17,5% em relação a agosto de 2024.
Lula e Trump tentam destravar negociações
A questão tarifária foi tema de uma reunião entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada em 26 de outubro na Malásia. O Palácio do Planalto descreveu o encontro como “franco e construtivo”, mas ainda não há clareza sobre um possível acordo comercial.
No início de novembro, Lula afirmou que o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão prontos para viajar aos Estados Unidos caso as conversas avancem. O petista também disse que voltará a telefonar para Trump se não houver progresso até o fim da COP30, em 21 de novembro, em Belém.
Economia americana e críticas a Biden
Durante a mesma entrevista em que mencionou o café, Trump aproveitou para criticar o ex-presidente Joe Biden. Segundo ele, a gestão democrata teria afastado investidores do país. O republicano afirmou que, em nove meses de governo, já atraiu quase US$ 18 trilhões em investimentos, valor que chamou de “o maior da história”.
Trump ainda destacou avanços em setores estratégicos, como o de automóveis e o de inteligência artificial, dizendo que os Estados Unidos estão “muito à frente da China” nessa área. O presidente citou também a queda no preço da gasolina e o recuo no valor dos ovos, que haviam atingido recorde em janeiro, como exemplos da rapidez de suas ações econômicas.
Preços do café em alta nos EUA
Segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, na sigla em inglês), os preços do café subiram 21% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, o que representa o maior aumento desde outubro de 1997. O dado reforça a relevância do anúncio de Trump sobre a redução de tarifas, em um momento em que o produto tem pesado mais no bolso do consumidor americano.





