O órgão de fiscalização da concorrência do Reino Unido divulgou uma declaração preliminar de objeções às práticas de tecnologia de anúncios do Google (GOOG; GOGL34). O regulador determinou provisoriamente que as ações da empresa estão afetando a concorrência no país.
Em um comunicado, a Autoridade da Concorrência e dos Mercados afirmou que o gigante americano das buscas na internet “comprometeu a concorrência ao utilizar sua posição dominante na publicidade gráfica online para favorecer seus próprios serviços de tecnologia publicitária”.
A “grande maioria” dos milhares de editores e anunciantes no Reino Unido utiliza a tecnologia do Google para licitar e vender espaço publicitário, conforme um estudo de 2019 que revelou um gasto anual de £1,8 bilhão neste mercado, segundo o CMA.
Preocupação com o Google Ads
O regulador expressou preocupação com o fato de o Google estar usando sua posição dominante para favorecer seus próprios serviços, uma prática conhecida como “autopreferência”. Esse é um ponto importante para os reguladores que investigam as práticas dos gigantes tecnológicos.
O CMA destacou que o Google tem colocado os concorrentes de tecnologia publicitária em desvantagem, dificultando a competição em “condições equitativas”.
Juliette Enser, diretora executiva interina de fiscalização da CMA, afirmou em comunicado: “Muitas empresas conseguem manter seu conteúdo digital gratuito ou mais acessível por meio da receita gerada pela publicidade online. Esses anúncios atingem milhões de pessoas em todo o Reino Unido, facilitando a compra e venda de bens e serviços.”
Enser acrescentou que “é essencial que editores e anunciantes – que possibilitam esse conteúdo gratuito – tenham acesso a uma concorrência efetiva e a um acordo justo na compra ou venda de espaço publicitário digital.”
Não é a primeira vez que a gigante tecnológica dos EUA é acusada de abusar de sua posição dominante no setor de tecnologia publicitária para prejudicar a concorrência. No ano passado, reguladores da União Europeia acusaram o Google de violar as regras antitruste relacionadas à tecnologia publicitária e sugeriram a possibilidade de dividir partes dos negócios da empresa para mitigar essas preocupações.
Nos Estados Unidos, em agosto, um juiz federal deu suporte ao Departamento de Justiça nas alegações de que o Google tem mantido um monopólio tanto nas buscas quanto na publicidade de texto por anos.
Essa decisão – a primeira ação antimonopólio contra uma empresa de tecnologia em décadas – foi comparada a um pronunciamento antitruste contra a Microsoft, que, na época, havia sido determinada a usar ilegalmente o poder de mercado de seu sistema operacional Windows para suprimir a concorrência de navegadores rivais, como o Netscape.
Na decisão divulgada pela CMA na sexta-feira, o órgão regulador afirmou que, desde 2015, o Google tem abusado de sua posição dominante como operador das ferramentas de compra de anúncios “Google Ads” e “DV360”, além de seu servidor de anúncios para editores, “DoubleClick For Publishers”. O objetivo seria fortalecer a posição de mercado de sua bolsa de publicidade, AdX.
As trocas de anúncios são plataformas tecnológicas que facilitam a compra e venda de espaço publicitário na mídia. Elas operam atendendo às solicitações de lances de editores que disponibilizam espaço para anúncios e, em seguida, combinam esses espaços com os lances de anunciantes por meio de um processo de leilão.
O AdX, uma plataforma do Google que cobra taxas mais elevadas dos anunciantes, é considerado o “centro da pilha de tecnologia de publicidade” da empresa, de acordo com a CMA. O Google obtém cerca de 20% do valor de cada lance processado através de sua plataforma.
Você leu sobre anúncios do Google. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e siga nosso canal no Whatsapp!