A reforma ministerial que deve confirmar a entrada de partidos do chamado Centrão para a base aliada do governo deve ficar para a última semana de agosto, assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornar de viagem à Àfrica do Sul, onde participa de reunião de cúpula dos Brics, na próxima semana.
A demora pode impactar na votação de temas importantes para o governo, inclusive na pauta econômica, como a MP que incluiu o reajuste do salário mínimo e a taxação de investimentos no exterior, que perde a validade se não for votada até 28 de agosto.
O principal impasse parece ser em torno do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que seria entregue ao PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). O problema é que o PT, partido de Lula e do atual titular da pasta, Wellington Dias, ex-governador do Piauí, não aceita perder o controle sobre o Bolsa Família, principal programa social do governo.
Lula se reuniu durante a semana com Arthur Lira e uma saída cogitada foi tirar o Bolsa Família da alçada do MDS, mas o assunto não foi para a frente. Lula teria oferecido a criação de um novo ministério para cuidar de pequenas e médias empresas, hoje assunto da alçada do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas o líder do PP recusou a oferta.
Outro debate também envolve Alckmin e seu partido, o PSB, hoje titular da pasta de Portos e Aeroportos com o ex-governador paulista Márcio França. O Republicanos teria um nome indicado para o ministério, mas Lula resiste em efetuar a nomeação diante da fala do presidente do partido, Marcos Pereira, que tem pregado a “independência” da legenda em votações no Congresso mesmo em caso de entrada no ministério.
O governo estuda a reforma ministerial já há alguns meses em busca de uma maioria mais confortável, já que precisa de pelo menos 257 votos na Câmara para aprovar projetos de lei, e de 308 votos para aprovação de mudanças constitucionais.