Olá, Investidor Inteligente!
O ano começou “complicado” para os mercados em geral. O Índice Bovespa fechou 2023 em 134.185 e hoje se encontra aos 128 mil.
Os motivos para esse pessimismo momentâneo? Dúvidas sobre o timing da queda dos juros nos EUA, com a possibilidade de frustração das expectativas atuais (até então eram de início da queda já em maio/24):
Além disso, no Brasil, o TCU alertou sobre a possibilidade de o orçamento de 2024 conter receita “superestimada”, o que colocaria em risco a meta de déficit zero.
A piora no cenário foi bem discreta, confesso, mas suficiente para trazer dúvidas nos investidores sobre a confiança no call de queda dos juros e da alta dos ativos de risco (Ibov, Ifix, Smll etc).
Os sentimentos geralmente são esses:
- Quem comprou ações no final o ano pode estar se perguntando: “será que essa bolsa vai andar mesmo? Será que não me precipitei?”
- Quem não entrou ainda: “nossa, que sorte! Ainda bem que não entrei, vou aguardar o cenário ficar mais claro.”
Para ambos os casos, a experiência nos mostra que é importante confiar na tendência conjuntural e não se distrair com os ruídos do meio do caminho. Vamos relembrar porque, agora, pode ser uma boa hora de comprar fundos imobiliários, ações, multimercados etc:
“Com a queda dos juros, existem dois grandes motivos para a valorização das empresas e dos negócios. O primeiro deles é matemático: como o valor de um investimento é o seu fluxo de caixa descontado, com uma taxa de desconto menor (juros menores) o seu valor presente é maior. O segundo deles é contábil: como a maioria dos negócios possuem dívidas, quando os juros caem, o custo financeiro dos seus endividamentos também cai, e essa economia se transforma diretamente em resultado positivo de fluxo de caixa e de lucro”.
O norte é esse!
Ah, Denys, e se os juros americanos demorarem mais para cair? Bom, isso pode afetar a velocidade da queda dos juros por aqui, mas dificilmente irá mudar a direção (pois nossa inflação já está bem abaixo de 2021, 2022 e 2023). O hedge (proteção) para você se proteger do improvável? Montar uma carteira diversificada, com classes e ativos descorrelacionados entre si.
Tá, mas e se o déficit de 2024 realmente for bem mais alto do que o governo diz? Provavelmente será, e isso não é novidade. O mercado já está precificando um déficit primário de 0,80% do PIB, sendo que o governo ainda está com a meta do déficit zerado. Temos bastante gordura para queimar!
O investidor deve ter em mente que ao “surfar” uma tendência primária (como a atual de queda dos juros) ele irá se deparar com “ondas contrárias” que irão questionar as suas convicções. Isso é normal! Inclusive a imprensa e a mídia especializada ajudam a piorar esse fato: quando a maré é boa, as publicações em sua imensa maioria são de notícias boas; quando a maré é ruim, as notícias ruins ganham destaque. Não espere desses veículos um aviso do ponto de inversão de uma tendência, porque você não irá achar…
Bom, voltando ao que interessa: o humor, os preços, a bolsa, todos eles não sobem em linha reta. Veja como funciona uma tendência de alta de médio-longo no Ibovespa, por exemplo:

Os preços (e o humor) se movem em tendências:
- Primária: trata-se de uma tendência conjuntural, de médio-longo prazo, como a do gráfico acima que durou de 2016 até o início de 2020, e que inclusive também foi motivada pela queda dos juros.
- Secundárias: são tendências e variações no humor do mercado em prazos de alguns meses, como a que vivemos entre agosto e outubro de 2023 (com a piora dos indicadores e queda dos preços dos ativos, que se reverteu novamente para a alta em novembro e dezembro).
Existem também as terciárias, de curtíssimo prazo, que são importantes unicamente para investidores traders (que operam no curto prazo).
Em uma tendência primária podem existir várias tendências secundárias de alta e de baixa. E, anote o mais importante: a tendência primária é muito mais visível que as secundárias, por isso, para um investidor que deseja construir um patrimônio financeiro com tranquilidade, sem agitação e exposição a grandes riscos, o foco e as tomadas de decisão deveriam incluir somente as tendências primárias.
As secundárias são muito difíceis de se prever e ao atuar nelas o investidor pode mais errar do que acertar. Prefiro não atuar; ou, se for fazer, que seja com pouco capital.
Por isso, caro Investidor Inteligente, esteja preparado para as oscilações quanto à queda de juros nos EUA, os testes de convicção, as manchetes depressivas (ou, também, as superotimistas) etc, que irão tentar te sabotar.
Monte a sua estratégia (pizza de diversificação) e saiba que é ela quem irá te dar a segurança e o retorno necessários para o atingimento dos seus objetivos.
Invista de acordo com o seu perfil e se ele o permitir, sair do CDI e comprar ativos de maior risco pode fazer sentido nesse momento. Mas, sempre dentro do razoável e dos limites de exposição indicados.
Espero ter ajudado!
Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos