O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (8) que imporá uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre. O anúncio foi feito durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, e marca mais um passo da Casa Branca em direção a uma política comercial mais agressiva voltada à proteção da indústria doméstica. Mas qual a consequência dessa nova tarifa anunciada pelo presidente norte-americano?
O analista Marink Martins avalia que essa elevação pode representar um “tiro no pé?” do governo norte-americano. Isso porque o minério tem uma importância estratégica na economia mundial. Uma das aplicações desse metal é o uso em carros elétricos, turbinas de usinas eólicas, painéis solares, entre outros. Portanto, além da importância atual ainda há a importância futura em um cenário de transição energética.
“Cobre é um metal que muitos dizem carregar um PHD em economia, pois o cobre, ele fala muito a respeito da atividade econômica. Sendo assim, é preciso tomar muito cuidado com o mercado, pois eu estou observando algo que é reminiscente de algo visto no dia 5 de agosto do ano passado. Um dia marcante, um dos dias mais importantes do ano passado, um dia em que a bolsa aqui caiu bastante em função de uma queda no Japão”, disse.

Martins faz referência a uma queda generalizada na bolsa de valores ocorrida naquela ocasião, quando a bolsa de Tóquio, por exemplo, registrou o pior dia de pregão desde 1987.
“Então fique muito atento, eu acho que a história não se repete, mas ela rima. São notícias que me parecem ser um tiro no pé do cidadão americano”, completou ele.
Trump e o aumento das tarifas sobre o cobre
Além do cobre, Trump também indicou que novas tarifas estão a caminho para outros setores, com destaque para a indústria farmacêutica. Ele afirmou que pretende anunciar em breve uma taxa de até 200% sobre as importações de medicamentos. Segundo o presidente, as empresas do setor poderão ter até um ano e meio para iniciar a produção dentro dos Estados Unidos antes que a medida entre em vigor.
A resposta do mercado ao anúncio foi imediata. Os contratos futuros de cobre para setembro saltaram 10,5%, atingindo um recorde de US$ 5,8955 por libra. As ações da mineradora norte-americana Freeport-McMoRan avançaram 5%, impulsionadas pela expectativa de que produtores locais se beneficiem com a tarifa.
O cobre é o terceiro metal mais utilizado no mundo, atrás apenas do ferro e do alumínio. Os Estados Unidos importam quase metade do cobre que consomem, sendo o Chile o principal fornecedor, segundo dados do Serviço Geológico dos EUA.
Investigação
Ainda em fevereiro, Trump havia ordenado uma investigação para avaliar a necessidade de tarifas sobre o cobre, com base em argumentos de segurança nacional. De acordo com o secretário do Comércio, Howard Lutnick, a investigação foi concluída e a decisão está pronta para ser formalizada.
“A ideia é trazer o cobre para casa, trazer a produção de cobre para casa”, disse Lutnick em entrevista à CNBC. Ele explicou que a nova tarifa sobre o cobre estará alinhada com as tarifas de 50% já impostas sobre aço e alumínio no início de junho.