A produção industrial brasileira registrou variação nula (0,0%) em janeiro de 2025, na comparação com dezembro de 2024, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado interrompe uma sequência de três meses de queda e indica um ponto de estabilidade para o setor. No período de outubro a dezembro de 2024, a indústria acumulou uma perda de 1,2%, o que gerava preocupação quanto à continuidade do desaquecimento econômico.
Na comparação com janeiro de 2024, a produção industrial apresentou crescimento de 1,4%, marcando o oitavo resultado positivo consecutivo nesse tipo de análise.
No acumulado dos últimos 12 meses, o setor industrial expandiu 2,9%, mantendo-se em terreno positivo, ainda que em ritmo mais lento do que o registrado nos meses anteriores. Esse crescimento anual reflete a recuperação gradual do setor, mesmo com desafios como altas taxas de juros e demanda interna moderada.

Bens de capital e consumo duráveis impulsionam crescimento
Apesar da estabilidade na variação mensal, algumas categorias econômicas tiveram desempenhos positivos. O segmento de bens de capital cresceu 4,5% em janeiro, enquanto os bens de consumo duráveis registraram alta de 4,4%, revertendo as quedas acumuladas nos últimos dois meses de 2024. Esses setores foram impulsionados principalmente pelo aumento na produção de máquinas e equipamentos (+6,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+3,0%).
Outras indústrias que apresentaram crescimento significativo incluem produtos de borracha e material plástico (+3,7%), artefatos de couro e calçados (+9,3%) e produtos farmacêuticos (+4,8%). Esses avanços ajudaram a contrabalançar os resultados negativos de setores como indústrias extrativas (-2,4%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%). A retração nas indústrias extrativas interrompeu uma sequência de dois meses de crescimento, refletindo a menor produção de minério de ferro e petróleo bruto.
Já o setor de celulose, papel e produtos de papel teve um declínio de 3,2%, possivelmente impactado pela menor demanda externa e pelo estoque elevado acumulado no final de 2024. Outro segmento que apresentou queda foi o de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,7%), o que pode estar relacionado a um desaquecimento nas vendas do comércio varejista e ao aumento dos custos de produção.
Perspectivas para o setor
Embora o resultado mensal não tenha demonstrado avanço, a estabilidade interrompe uma sequência negativa e pode indicar um ponto de inflexão para a indústria. O crescimento anual de 1,4% e a expansão de 2,9% nos últimos 12 meses sugerem um setor ainda resiliente, apesar das oscilações recentes.
A evolução do setor industrial nos próximos meses dependerá de fatores como a demanda interna, condições macroeconômicas e a estabilidade de setores-chave como o automobilístico e de bens de capital. Além disso, a política monetária e eventuais reduções nas taxas de juros podem estimular investimentos na produção industrial.
Outro fator que pode influenciar o desempenho da indústria é o mercado externo. A demanda global por commodities e manufaturados brasileiros pode afetar diretamente setores como metalurgia, indústrias extrativas e produtos químicos.
A próxima divulgação da Pesquisa Industrial Mensal, referente a fevereiro de 2025, será fundamental para compreender se o setor industrial manterá essa estabilidade ou retomar
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a produção industrial no Brasil apresentou estabilidade, ficando abaixo do esperado. No entanto, a composição do resultado foi positiva. Segundo ele, o desempenho foi impactado principalmente pela indústria extrativa, especialmente na extração de petróleo e minério, enquanto os demais segmentos da produção mostraram crescimento.
“A produção industrial veio abaixo do esperado, mas a composição foi boa. O impacto veio da indústria extrativa, enquanto a produção de bens de capital teve um crescimento próximo de 4% no mês, um dado positivo”, destacou Kautz.
Ele também ressaltou que os dados alternativos para janeiro e fevereiro indicam uma melhora na atividade econômica. “Esses números sugerem um início de ano mais forte, em geral, aqueles números ruins do final do ano passado podem ter exagerado um pouco a dinâmica de desaceleração da economia brasileira”, afirmou.
Diante desse cenário, a perspectiva para os primeiros meses de 2025 parece mais otimista, reforçando a ideia de que a economia pode estar em um momento de recuperação gradual após um fim de ano mais fraco.
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