Qual a perspectiva para os juros americanos em 2023?
Atualmente, o banco central americano (Fed) mantém a taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano.
A EQI Asset projeta os juros americanos em 5,25% no primeiro trimestre o ano. “Também consideramos que possa ocorrer uma redução gradual e suave a partir do 4º trimestre, voltando para 4,75% em final do próximo ano. Lembrando que dependerá da trajetória da inflação ao longo do ano que vem”, explicou o economista-chefe Stephan F. Kautz.
Segundo ele, a taxa de juros americana tende a ser considerada como a “taxa livre de risco” do mundo. Ou seja, as outras taxas de juros do mundo tendem a refletir a dinâmica da taxa de juros americana.
Além disso, elencou, uma taxa nos EUA muito alta tende a atrair capitais do resto do mundo, seja pela atratividade da taxa seja pelo aumento no risco de uma recessão global.

Perspectiva para os juros americanos: aproveitar ou se proteger?
De acordo com o economista, entender o motivo da taxa de juros americana estar mais alta irá definir como aproveitar ou se proteger.
“Uma alta de juros com economia crescendo pode ser positivo, dado que irá controlar a inflação. Alta de juros com inflação descontrolada pode ser ruim, dado que o efeito na atividade será muito forte”, ressaltou.
E disse mais: “Altas de juros muito rápidas tendem a desorganizar os mercados financeiros, o que dificulta as captações das empresas e aumentos nos custos financeiros.”
Cenário
O debate em torno da taxa de juros dos EUA, bem como a cobertura da imprensa especializada sobre o tema, se dá por conta da inflação nos EUA, cujos níveis atuais estão acima dos 8%, algo atípico para os padrões daquele país.
Desta forma, o Federal Reserve (Fed, espécie de banco central dos EUA) tem elevado os juros para, assim, conter o avanço dos preços, algo que tem refletido no bolso das famílias e tem gerado alguma indisposição entre a população e a classe política.
Entretanto, a aposta é de que a autoridade monetária norte-americana comece a reduzir os aumentos dos juros, considerando que a inflação já está recuando. Mas isso não é consenso e há quem diga que o FOMC deve ser ainda mais duro em suas medidas.
O Fomc é o Federal Open Market Committee (FOMC), que deverá se reunir novamente em fevereiro para anunciar um novo movimento em relação ao tema. No último encontro, dia 14 de dezembro, anunciou elevação de 50 pontos-base nos juros e, antes disso, havia promovido quatro elevações de 75 pontos-base.
Na ata da última reunião, novamente o Fomc afirmou que os juros devem permanecer altos por um bom tempo. O mercado projeta alguma redução de juros só do final de 2023 em diante.
Medo de recessão
Outro ponto de atenção em relação à política de juros do Fed é o medo de recessão que altas seguidas, e duras, podem provocar na economia global. O alerta é de bancos centrais de vários governos, incluindo o Banco da Inglaterra (BoE).
Conforme relatório assinado pela membro do BoE Swati Dhingra, taxas de juros mais altas podem levar a uma recessão mais profunda e mais longa.
Ela também diz acreditar que haja poucos sinais no mercado de trabalho de que as reivindicações dos trabalhadores por aumentos salariais possam levar a uma inflação persistentemente elevada.
Acontece que boa parte dos bancos centrais costumam aguardar os movimentos do Fed para, na sequência, fazerem seus próprios movimentos de elevação ou corte de juros. E, nesse contexto, um dos indicadores levados em consideração é o número de vagas de emprego criadas, bem como a elevação – ou não – acerca dos salários dos trabalhadores.
Esse último componente, inclusive, costuma pressionar muito nas margens.
Inflação versus trabalho e renda
Na prática, se o país tem registrado uma inflação acima da média, e há a criação de mais empregos e elevação dos salários, existe a possibilidade desse “fenômeno” servir como aditivo para a elevação do custo de vida.
Acontece que mais gente empregada e com mais dinheiro no bolso é sinônimo de consumo elevado. Se há uma demanda muito forte, a tendencia é que os preços subam ainda mais, logo, a inflação se mostrará mais persistente.
Por isso, uma das medidas dos governos costuma ser encarecer o crédito (elevar os juros) para que as empresas não contratem e nem adquiram máquinas e equipamentos para, assim, não aumentar a produção e, desta forma, conter o avanço dos consumos.
Trata-se de uma medida nem sempre vista com bons olhos, mas que faz parte do mundo das políticas-econômicas e tem por objetivo frear a inflação para, na sequência, voltar à normalidade.
Neste caso, a normalidade seria inflação dentro da meta (2% no caso dos EUA) para, assim, desafogar o crédito (reduzir a taxa de juros) para que empresas contratem, paguem mais e aumentem sua produção. Do lado das famílias, estas voltem a consumir, mas sempre dentro de um ponto de equilíbrio, quando isso é possível.
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