Com a inflação nas ‘alturas’ e o repasse do último reajuste nas refinarias da Petrobras, o preço do diesel atingiu o maior valor de venda da sua história, desde quando a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) começou a realizar a pesquisa semanal de preços, em 2004.
Segundo a ANP, o produto foi vendido, em média, a R$ 6,943 por litro em território nacional – chegando a um patamar histórico de preço e com a perspectiva de novos aumentos ao longo das próximas semanas.
Ainda de acordo com a agência, o valor é 1,4% superior ao que havia sido registrado na semana passada, de R$ 6,847 por litro – que já era considerado um recorde histórico. A escalada de preços é consequência do reajuste anunciado pela Petrobras no último dia 9 de maio, que acabou culminando na troca do comando na área energética do governo.
Preço médio é de R$7 e máximo é de R$8
De acordo com um levantamento da ANP, com os aumentos progressivos, o preço médio do diesel já chegou a R$7 por litro em ao menos 13 estados brasileiros. Em três deles, o preço máximo é superior a R$8. Seguindo as estimativas da semana anterior, o maior valor encontrado pela pesquisa foi em Cruzeiro do Sul (AC), com o preço de R$ 8,30 por litro.
Desde que o anúncio do reajuste foi feito, há duas semanas, o preço médio do diesel nas bombas já acumula uma alta de 4,7%. De acordo com a ANP, a essa elevação pressiona a inflação, já que o diesel é essencial para os caminhoneiros, além de ser o combustível mais usado no transporte de cargas no Brasil.
De acordo com a agência, o Norte é a região com o diesel mais caro do país, com o litro sendo vendido a R$ 8,30. Em contrapartida, o Sul possui o diesel mais barato, com o litro comercializado a R$ 5,49.
DADOS BRASIL | ||||||||||||
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PRODUTO | UNIDADE | Nº DE POSTOS PESQUISADOS | Preço ao Consumidor | |||||||||
PREÇO MÉDIO | DESVIO PADRÃO | PREÇO MÍNIMO | PREÇO MÁXIMO | |||||||||
GLP | R$/13kg | 11769 | 113,00 | 10,17 | 84,99 | 160,00 | ||||||
GNV | R$/m³ | 1129 | 5,240 | 0,628 | 3,179 | 7,429 | ||||||
GASOLINA COMUM | R$/l | 15785 | 7,291 | 0,427 | 6,199 | 8,990 | ||||||
GASOLINA ADITIVADA | R$/l | 11898 | 7,400 | 0,422 | 6,290 | 8,999 | ||||||
OLEO DIESEL | R$/l | 7237 | 6,811 | 0,407 | 5,490 | 8,387 | ||||||
OLEO DIESEL S10 | R$/l | 13123 | 6,941 | 0,383 | 5,378 | 8,490 | ||||||
ETANOL HIDRATADO | R$/l | 13893 | 5,328 | 0,642 | 4,190 | 7,899 |
Altas de preço pressionam a inflação
O reajuste de quase 25% no preço do óleo do diesel, que foi autorizado pela Petrobras recentemente, prejudicou ainda mais o cenário econômico atual, aumentando em 0,6 o percentual do IPCA.
Além de pressionar a inflação, o aumento tem um impacto notável sobre os caminhoneiros e as cargas transportadas pelo Brasil, que também sofrem reajuste de preços. O transporte de alimentos, por exemplo, é afetado negativamente, uma vez que se torna mais custoso transportar um alimento de um estado para o outro.
Especialistas também temem que a energia elétrica volte a ficar mais alta. Embora a bandeira tenha passado de vermelha para verde para todos os consumidores de energia e reduzido em 20% o valor da conta de luz em abril, diversos especialistas temem que com uma seca mais forte, as indústrias precisem recorrer às termoelétricas, também movidas a diesel.
Nova greve dos caminhoneiros?
Diversas pessoas têm especulado se com as altas no diesel e na gasolina poderia haver uma nova greve dos caminhoneiros, que completou quatro anos no último sábado (21) e é considerada até hoje a maior greve da categoria no país. Durante dez dias, empresas e trabalhadores que transportam mais de 80% das cargas do Brasil fizeram greve.
Sem a categoria, o país se viu em verdadeira calamidade, com falta de combustível nos postos, alimentos nos supermercados e medicamentos. Desde então, os reajustes deixaram de ser diários. Apesar disso, a alta nos combustíveis continua.
O chamado Preço de Paridade de Importação (PPI) é um dos pilares que garantem lucro à Petrobras, já que o modelo acompanha o valor do barril do petróleo internacional para definir os preços no mercado interno. Com o real desvalorizado frente ao dólar, há um aumento nos preços dos combustíveis com a conversão.
Para alguns especialistas, é improvável que aconteça uma nova greve as vésperas do início das eleições, visto que grande parte da categoria é aliada do governo federal.
‘Guerra’ de preços: Governo federal X estados
Além dos aumentos terem culminado na demissão de Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, o reajuste ainda intensificou a briga entre o governo federal e os estados, que vêm discutindo a cobrança do ICMS.
Quatro dias após o reajuste, a AGU (Advocacia Geral da União) conseguiu uma liminar para barrar a tentativa dos estados de driblar a lei que implementou o ICMS único no Brasil, o que vem irritando diversos estados que tentam diminuir os preços em suas próprias localidades.
No entanto, segundo especialistas, a liminar pode até mesmo aumentar o risco de alta nos preços, já que ao manter o ICMS de R$1,005 por litro, foi eliminada a possibilidade de descontos por parte do estado, o que resultaria em uma redução no valor do diesel.
Vale lembrar que, na última quinta-feira (19), o Ministério da Economia se reuniu com o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) para negociar uma adesão ao modelo de transição já previsto em lei, que aponta que a alíquota deve ser equivalente à média dos últimos 60 meses, se adequando à realidade do país. Entretanto, mesmo com as negociações, não houve acordo.
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