O preço do petróleo cai fortemente nesta terça-feira (24) após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicando que a China poderá continuar comprando petróleo do Irã. A fala é vista como um recuo na política de “pressão máxima” de Washington contra Teerã e ocorre logo após um cessar-fogo entre Irã e Israel.
O Brent, referência global, desaba 5,68% (ou US$ 4,06) e é negociado a US$ 67,42 por barril. O petróleo bruto dos EUA também sofre queda semelhante: 5,66%, ou US$ 3,88, para US$ 64,63 o barril. A retração aprofunda as perdas de segunda-feira, quando os contratos já haviam recuado cerca de 7%, refletindo expectativas de que o conflito no Oriente Médio esteja perdendo força.
Em uma publicação na Truth Social, Trump afirmou: “A China agora pode continuar comprando petróleo do Irã. Espero que eles também comprem bastante dos EUA. Foi uma grande honra para mim fazer isso acontecer!”. A declaração marca um giro importante, considerando que, em maio, o próprio Trump havia ameaçado cortar relações comerciais com qualquer país que comprasse petróleo iraniano.
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Segundo dados da Kpler, a China é o principal destino dos cerca de 1,7 milhão de barris por dia exportados pelo Irã. Para Matt Smith, analista-chefe da Kpler, a mudança de tom de Trump revela sua prioridade atual: conter a alta dos preços do petróleo. “Trump sempre pareceu relutante em tirar o petróleo iraniano do mercado. Agora, com a diminuição da capacidade nuclear iraniana, ele não vê mais isso como um problema”, explicou.
O alívio nas tensões no Oriente Médio também colabora para a queda dos preços. Após os EUA se juntarem à campanha de Israel e atacarem instalações nucleares iranianas no último fim de semana, cresceu o temor de retaliação. No entanto, o Irã optou por um ataque controlado a uma base americana no Catar — que não deixou vítimas —, o que permitiu um caminho para a desescalada. Trump logo anunciou um cessar-fogo entre os dois países.
Ainda assim, o ambiente segue instável. Na manhã desta terça, o próprio Trump acusou Irã e Israel de violarem o acordo, com críticas duras a ambos os lados, especialmente a Israel: “Não estou satisfeito com Israel”, disse o ex-presidente antes de embarcar para uma cúpula da OTAN na Holanda. “Também não estou satisfeito com o Irã, mas ficarei realmente insatisfeito se Israel continuar com os bombardeios.”
Durante o auge das tensões, investidores temeram que Israel atingisse os 3,3 milhões de barris por dia produzidos pelo Irã, ou que Teerã reagisse atacando instalações de energia em países vizinhos, como Iraque, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Também havia preocupação com um possível bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo bruto transportado globalmente.