O PMI Industrial do Brasil, medido pela S&P Global, caiu de 51,8 em março para 50,3 pontos em abril de 2025, o patamar mais baixo desde dezembro de 2023. O índice, que serve como termômetro da atividade industrial, ainda está tecnicamente acima de 50, o que indica expansão, mas aponta uma desaceleração significativa. A queda reflete um setor próximo da estagnação, pressionado por baixa demanda, incertezas econômicas e custos elevados.
“A atividade de compras foi reduzida, a criação de empregos desacelerou e os estoques de insumos caíram”, explicou Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence. “O setor enfrentou um cenário difícil, marcado pela incerteza atual do comércio global, questões políticas e altos custos de empréstimos.”
Demanda enfraquecida e exportações em queda
Os dados de abril mostraram retração nos novos pedidos, a primeira em 16 meses, e queda nas vendas para exportação, especialmente para o Mercosul e os Estados Unidos. Segundo o levantamento, empresas relataram que a alta nos preços finais e o clima de incerteza impactaram negativamente o consumo.
“O registro do PMI principal ficou marginalmente dentro da zona de crescimento, encobrindo circunstâncias preocupantes que sugerem que o setor pode estar entrando gradualmente em uma fase de contração”, alertou Pollyanna.
Produção e emprego crescem, mas com pouca força
Apesar da adversidade, PMI industrial do Brasil subiu pelo terceiro mês seguido. Contudo, o ritmo de crescimento foi o mais fraco nesse período, prejudicado por cancelamentos de pedidos e falta de mão de obra qualificada. O emprego no setor também registrou alta, mas de forma modesta, a menor nos últimos quatro meses.
As empresas, buscando controlar custos, reduziram a atividade de compras e passaram a operar com os estoques já existentes. Como resultado, os estoques de insumos encolheram pelo segundo mês consecutivo, enquanto os estoques de bens finais cresceram, ainda que levemente, refletindo vendas abaixo do esperado.
Confiança empresarial atinge pior nível desde 2020
Um dos pontos mais críticos do levantamento foi a confiança das empresas em relação ao futuro. Em abril, o otimismo dos empresários caiu ao menor nível desde o início da pandemia, em 2020. A preocupação com tarifas nos Estados Unidos e a instabilidade econômica interna derrubaram as expectativas.
“A produção pode ter aumentado ligeiramente, mas o setor ficou por um fio”, afirmou Pollyanna De Lima. “Se essa tendência de queda continuar, poderemos ver o setor industrial pesando no desempenho econômico geral.”
PMI Industrial do Brasil: custo e logística ainda pressionam
Os custos de insumos aumentaram, embora a inflação tenha sido a mais baixa em 11 meses. Houve relatos de alta nos preços de aço, gás natural e transporte, contrapostos por quedas em petróleo e têxteis. Algumas empresas optaram por repassar os custos aos clientes; outras, por oferecer descontos para estimular as vendas.
Em meio a tudo isso, os prazos de entrega voltaram a piorar, ainda que discretamente, devido a problemas logísticos e escassez de materiais.






