Perdeu dinheiro nas bets? Infelizmente esse é um fenômeno cada vez mais comum no Brasil, que vem no embalo do crescimento das apostas esportivas e que tem gerado preocupações em diversas frentes, desde acadêmicos de saúde mental até especialistas do mercado financeiro.
No entanto, os maiores impactos recaem sobre os próprios apostadores. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 86% dos jogadores já contraíram dívidas e 64% estão com o nome negativado no Serasa, evidenciando as consequências do vício em jogos de azar.
A vulnerabilidade financeira é o principal motivo que leva as pessoas a apostarem, apontou a pesquisa do Instituto Locomotiva. Cerca de 53% dos entrevistados afirmaram que jogam para “ganhar dinheiro”, enquanto 22% mencionaram diversão e 10% buscaram adrenalina. Entretanto, o desejo de resolver problemas financeiros rapidamente é uma armadilha psicológica, alerta a psicóloga Vera Rita de Mello Ferreira.
“Apostamos não porque temos apetite por risco, mas porque desconhecemos as chances reais de perder”, explica ela, citando a teoria do economista Daniel Kahneman, Nobel de Economia. Pequenos ganhos iniciais aumentam a confiança e reforçam o ciclo de dependência, enquanto perdas levam à exposição a riscos ainda maiores.
Perdeu dinheiro nas bets? Confira os prejuízos do vício no jogo
O impacto financeiro das apostas é apenas parte do problema. Conforme a Supervisora do Ambulatório do Jogo do Hospital das Clínicas da USP, Mirella Martins, os danos vão desde dificuldades nos relacionamentos e problemas de saúde mental até endividamento grave e prejuízos no trabalho ou estudo.
Adicionalmente, a digitalização e a ampla propaganda de plataformas de apostas têm tornado o vício mais acessível, ampliando o perfil dos jogadores. Hoje, além de homens entre 24 e 45 anos, crianças e adolescentes também são atraídos pelo universo das “bets”.
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O caminho para a recuperação começa com o reconhecimento do problema. Para a planejadora financeira Clay Gonçalves, admitir o vício é o primeiro passo para quebrar o ciclo. “Buscar apoio emocional e financeiro é essencial”, destaca.
Em seguida, é fundamental parar de apostar completamente, bloqueando o acesso a aplicativos e sites relacionados. Reorganizar as finanças, com a ajuda de um planejador financeiro, também é crucial. Isso inclui cortar gastos, renegociar dívidas e adotar um padrão de vida mais controlado temporariamente.
Como buscar ajuda
Existem diversas alternativas gratuitas para quem precisa de suporte. Universidades oferecem atendimento psicológico gratuito, e o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD) para dependentes químicos e de jogos. Grupos como Jogadores Anônimos criam redes de apoio, enquanto programas específicos, como o ambulatório da USP, oferecem tratamentos integrados.
Além disso, iniciativas como o programa “Tamo Junto”, da SuperRico, ajudam famílias endividadas a reorganizar suas finanças. Cursos gratuitos de educação financeira, oferecidos por instituições como a FGV e a Febraban, também são ferramentas valiosas para a recuperação.
Apesar de ser tratada como uma atividade lúdica, a aposta – ou “bet” – é um risco financeiro e emocional. Especialistas reforçam a importância da conscientização e da regulamentação para proteger a sociedade. “Apostar deve ser visto como um jogo, e não como uma forma de gerar renda ou resolver problemas financeiros”, enfatiza Vera Rita.
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