Em meio à crescente tensão no Oriente Médio, o parlamento do Irã deu um passo contundente ao aprovar o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das rotas mais estratégicas para o comércio global de petróleo. A medida foi anunciada neste domingo (22) como resposta direta à agressão militar dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas classificadas pelo governo de Teerã como pacíficas.
O preço do petróleo na tarde desta segunda-feira (23), opera em leve alta, com o barril Brent – de referência internacional – subindo 0,31%,a US$ 77,25; ao passo que o WTI, dos EUA, sobe 0,35%, a US$ 74,07. Pela manhã, registrou ganhos moderados.
A decisão, segundo Esmaeil Kowsari, membro do comitê de segurança nacional e política externa do parlamento iraniano, reflete o consenso entre os legisladores diante do que consideram uma violação inaceitável da soberania do país e o silêncio conivente da comunidade internacional. No entanto, o fechamento do estreito ainda depende da aprovação final do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
O Estreito de Ormuz, situado entre o Irã e Omã, é um verdadeiro gargalo energético mundial. Cerca de 20 milhões de barris de petróleo — aproximadamente 20% da demanda global de líquidos de petróleo — passam por essa estreita faixa de mar diariamente, de acordo com a U.S. Energy Information Administration (EIA). Além disso, quase um quinto do comércio global de gás natural liquefeito (GNL), especialmente do Catar, também depende da rota.
Fechamento do Estreito de Ormuz pode causar choques no mercado internacional
Especialistas em segurança energética alertam há anos que qualquer interrupção na passagem por Ormuz pode provocar choques imediatos no mercado internacional. As estimativas mais recentes indicam que, se a medida for efetivada, os preços do petróleo podem disparar até 80% apenas na primeira semana, afetando o abastecimento de energia em escala global. Multinacionais que dependem de fornecimento estável de combustível e gás para operar podem ser forçadas a suspender suas atividades, agravando o cenário econômico mundial.
A escalada do conflito marca um novo e perigoso capítulo nas relações entre Irã e Estados Unidos. Analistas já haviam advertido que uma resposta militar direta de Washington ao programa nuclear iraniano poderia provocar reações drásticas, inclusive no mar. Agora, com a ameaça concreta de fechamento do Estreito de Ormuz, o risco de uma crise energética global se torna mais palpável.
A decisão final sobre o fechamento ainda está nas mãos da alta cúpula iraniana. Mas o recado político já foi dado: o Irã está disposto a usar seu trunfo geográfico mais poderoso para reagir à pressão externa — e o mundo, mais uma vez, segura a respiração diante do que pode se tornar uma encruzilhada para a segurança energética internacional.
Leia também:
Estreito de Ormuz: entenda o gargalo estratégico do petróleo mundial

Um pequeno trecho de mar, com apenas cerca de 50 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, concentra um dos maiores pontos de tensão geopolítica do planeta. O Estreito de Ormuz, localizado entre o Irã e Omã, conecta o Golfo Pérsico ao Mar de Omã e, dali, aos mercados globais. Apesar de sua dimensão modesta, sua importância é imensa: por esse corredor marítimo passam diariamente milhões de barris de petróleo — cerca de 20% da oferta mundial, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA).
É através do Estreito de Ormuz que potências produtoras como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e os Emirados Árabes Unidos escoam boa parte de seu petróleo e GNL. Por isso, qualquer instabilidade na região — seja um conflito militar, sanções internacionais ou ameaças de bloqueio — costuma gerar reações imediatas nos mercados globais de energia, com alta nos preços do barril e receio de desabastecimento.
A importância estratégica do estreito não é novidade. Ele já esteve no centro de conflitos anteriores, como a guerra Irã-Iraque nos anos 1980, e segue como peça-chave nas tensões entre o Irã e os Estados Unidos. Em diversos momentos da última década, autoridades iranianas ameaçaram fechar a passagem em resposta a sanções econômicas, reacendendo o temor global de um colapso no fluxo de petróleo.
Além da questão energética, o estreito também representa um desafio de segurança internacional. A região é constantemente patrulhada por forças navais dos EUA e de aliados ocidentais, numa tentativa de garantir a liberdade de navegação. Ainda assim, incidentes com navios petroleiros — incluindo ataques, abordagens suspeitas e minas marítimas — já foram registrados.
Em um mundo que ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, o Estreito de Ormuz é mais do que uma simples via marítima. Ele é o ponto de encontro entre interesses econômicos, disputas políticas e estratégias militares. Seu papel no abastecimento mundial de petróleo o torna um verdadeiro termômetro do equilíbrio — ou do risco — no cenário energético global.