Um grupo de 11 entidades, incluindo destacadas federações varejistas, lançou o movimento “Parcelo Sim!” em defesa das compras parceladas sem juros.
O movimento reúne diversas entidades, como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e a Fecomércio-SP (Federação do Comércio de Bens e Serviços de São Paulo).
O manifesto enfatiza que “sem parcelar, não dá para comprar”. O texto destaca que o parcelamento sem juros ajuda o brasileiro a conquistar seus sonhos, especialmente em momentos de dificuldade quando é necessário parcelar as compras.
“O Parcelado Sem Juros (PSJ) do cartão de crédito é uma das mais importantes ferramentas de concessão de crédito do Brasil. Ele ajuda 200 milhões de brasileiros todos os dias: quem precisa trocar o smartphone por um modelo novo para trabalhar, quem precisa comprar móveis e eletrodomésticos novos depois de um imprevisto, quem tem o sonho de dar uma TV nova para a família. Mas não é só isso. Muita gente usa o Parcelado Sem Juros para comprar remédios, uma necessidade que não pode ser adiada. Tem gente que parcela a compra do mercado para levar comida para casa. O PSJ é uma conquista dos brasileiros e faz parte do nosso dia a dia”, cita o manifesto.
O “Parcelo Sim!” menciona uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) que indica que 90% dos lojistas vendem parcelado sem juros, enquanto, segundo o Datafolha, 75% dos consumidores fazem compras nessa modalidade.
Para as entidades integrantes do grupo, as compras parceladas sem juros movimentam o comércio e aumentam as vendas. Portanto, acabar com essa modalidade prejudicaria o setor.
De acordo com um estudo da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito), as compras com cartões de crédito movimentaram R$ 2,1 trilhões em 2022, e metade disso foram compras parceladas sem juros.
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Campos Neto defende o fim do parcelamento sem juros
A discussão sobre o parcelamento sem juros surgiu após o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defender o fim dessa modalidade de financiamento no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento sem juros faz com que as instituições financeiras aumentem os juros cobrados no crédito direto ao consumidor (CDC).
Campos Neto acredita que, se essa situação não existisse, o endividamento poderia ser menor.
“O parcelado sem juros no Brasil corresponde a 15% de todo o crédito do Brasil. Nos últimos anos, saltou de 5% a 7% para 15%. Você tem um produto ligado a cartão de crédito, que é 15% do crédito. Quando pega o CDC, era 5% e foi para 6%. Ou seja, o crédito ligado ao consumo está mais ligado ao parcelado sem juros do que o crédito ligado ao consumidor”, disse em um café da manhã organizado pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, na manhã desta quarta-feira (22).
“Nos outros países é ao contrário. Como o parcelado é sem juros e a inadimplência não é baixa, a gente tem que entender que o banco transfere o custo do produto. Pode ser que ele aumente os juros em outro produto. Pode ser que o parcelado sem juros esteja inibindo o crescimento do CDC”, complementa.
Deste modo, para Campos Neto, a queda no CDC poderia ser “o grande viabilizador do consumo que está basicamente parado há muitos anos”.
“O consumidor está pagando os juros de um produto que não tem. Então, a gente poderia ter uma situação contrária, menos parcelado sem juros e muito mais crédito ao consumidor com juros mais baixos, que no final das contas teria um efeito contrário”, afirmou.
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