O mercado financeiro reduziu significativamente as apostas de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, iniciará o ciclo de cortes de juros já em setembro. A reavaliação ocorreu após a divulgação do relatório de empregos (payroll) de junho, que mostrou números muito acima do esperado, indicando uma economia americana ainda aquecida.
De acordo com o payroll divulgado hoje, os Estados Unidos criaram 147 mil empregos em junho, bem acima da expectativa de 110 mil do consenso do mercado.
De acordo com dados da ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de que o Fed reduza as taxas em setembro recuou de 95,1% para 77,6%. Embora a expectativa predominante ainda seja por um corte de 25 pontos-base, essa possibilidade oscilou levemente, passando de 73,3% para 74%.
Em contrapartida, a chance de manutenção dos juros disparou de 4,9% para 22,4%, se tornando a segunda maior probabilidade. Já um corte mais agressivo, de 50 pontos-base, perdeu força, caindo de 21,8% para apenas 3,6%.
Com o payroll indicando robustez no mercado de trabalho, os investidores praticamente descartaram a possibilidade de corte já em julho. A precificação para redução dos juros na próxima reunião caiu de 23,3% para apenas 4,7%, enquanto a manutenção da taxa se consolidou com 95,3% de probabilidade.
Apostas de cortes de juros pelo Fed: perspectiva até o fim do ano
Apesar do ajuste nas apostas de curto prazo, o mercado continua projetando que o Fed realizará cortes ainda em 2025. A probabilidade principal voltou a ser de uma redução acumulada de 50 pontos-base até dezembro, com 44,9% das apostas — bem acima dos 33,4% registrados antes da divulgação do payroll.
A chance de cortes mais profundos, de 75 pontos-base, caiu de 47,6% para 29,5%, enquanto o cenário de apenas um corte de 25 pontos-base ganhou força, subindo de 7,1% para 21,1%. Já a possibilidade de que o Fed mantenha os juros inalterados ao longo de todo o ano, embora ainda minoritária, subiu de 0,3% para 3,1%.
Impacto nos mercados
Os dados mais fortes do mercado de trabalho aumentam a perspectiva de cautela do Fed quanto à antecipação de cortes, dado o risco de reaceleração inflacionária. O novo cenário reforça a percepção de uma postura mais paciente por parte do Fed, diante de uma economia que continua demonstrando resiliência.