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Menor nível da história: média de filhos por mulher cai

Menor nível da história: média de filhos por mulher cai

A média de filhos por mulher no Brasil caiu para 1,55 em 2022, atingindo o menor nível da série histórica iniciada nos anos 1960. O dado, revelado pelo Censo Demográfico do IBGE, confirma um movimento contínuo de declínio na taxa de fecundidade, que há décadas acompanha as transformações sociais, econômicas e culturais do país.

Nos anos 1960, a mulher brasileira tinha, em média, 6,28 filhos. Desde então, a taxa vem caindo de forma acelerada, passando por 4,35 em 1980, 2,38 em 2000 e 1,90 em 2010. Desde 2010, a taxa está abaixo do patamar de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher — nível necessário para manter estável o tamanho da população ao longo das gerações.

Mudança demográfica e envelhecimento da população

A redução na taxa de fecundidade tem consequências diretas na estrutura etária do Brasil. Menos nascimentos significam menos jovens no futuro e um aumento proporcional da população idosa. O país entra em um novo estágio demográfico: o envelhecimento populacional acelerado.

Segundo o IBGE, essa transformação exige mudanças urgentes nas políticas públicas. Será necessário adaptar os sistemas de saúde, previdência e infraestrutura urbana para atender a uma população com cada vez mais idosos e menos trabalhadores economicamente ativos. É uma mudança estrutural que não se reverte em curto prazo.

Panorama regional: diferenças marcantes

Embora a tendência de queda seja nacional, as médias de filhos por mulher variam bastante entre as regiões. No Sudeste, a taxa chegou a 1,41 em 2022 — a mais baixa do país. No Sul, a média foi de 1,50; no Centro-Oeste, de 1,64. Essas regiões lideram a transição demográfica, refletindo maiores índices de escolaridade e urbanização.

Já no Norte (1,89) e no Nordeste (1,60), as taxas seguem mais altas, ainda que bem abaixo dos níveis históricos. Em 1960, por exemplo, o Norte tinha média de 8,56 filhos por mulher. A única unidade da federação que ainda está acima da taxa de reposição é Roraima, com 2,19 filhos por mulher. O Rio de Janeiro apresenta o menor índice estadual: 1,35.

Adiar a maternidade virou tendência

Outro dado relevante revelado pelo Censo 2022 é o adiamento da maternidade. A idade média da fecundidade no Brasil passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. Esse adiamento é mais evidente nas regiões Sudeste e Sul, onde a idade média chega a 28,7 anos.

Esse comportamento está diretamente ligado ao acesso à educação e ao mercado de trabalho. Mulheres com maior escolaridade tendem a priorizar os estudos, a carreira e a estabilidade financeira antes de engravidar. No Distrito Federal, onde a média é de 29,3 anos, esse perfil é especialmente visível. Já no Norte, com média de 27 anos, a maternidade ainda ocorre mais cedo.

Mais mulheres encerram idade fértil sem filhos

O Censo também mostra que cresce o número de mulheres que chegam ao final da idade reprodutiva sem ter filhos. Em 2022, 16,1% das mulheres entre 50 e 59 anos não tiveram filhos nascidos vivos — um aumento significativo em relação aos 10% registrados em 2000.

Essa mudança reflete transformações sociais profundas. Cada vez mais mulheres optam por não ter filhos, seja por decisão pessoal, seja pelas dificuldades econômicas ou pela ausência de políticas públicas que favoreçam a maternidade. No Sudeste, esse índice chega a 18%, e no Rio de Janeiro, o mais alto do país, alcança 21%.

Religião, raça e escolaridade: os novos recortes

A religião também influencia na fecundidade. Mulheres evangélicas têm a maior média de filhos (1,74), enquanto espíritas (1,01) e praticantes da umbanda e do candomblé (1,25) registram as menores. Mulheres sem religião (1,47) e católicas (1,49) ficam abaixo da média nacional.

No recorte racial, as indígenas são as únicas acima da taxa de reposição, com 2,8 filhos por mulher. Mulheres amarelas têm a menor taxa (1,2), seguidas por brancas (1,4). Pretas e pardas apresentam taxas um pouco acima da média nacional, com 1,6 e 1,7 respectivamente. A idade média da fecundidade também varia: é de 29 anos entre brancas e 27,6 entre pardas.

Educação transforma escolhas reprodutivas

O nível de escolaridade é um dos fatores mais relevantes para entender a queda da fecundidade no país. Mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto têm, em média, 2,01 filhos. Já aquelas com ensino superior completo registram apenas 1,19 filhos em média.

A escolarização oferece acesso à informação, autonomia reprodutiva e maior conhecimento sobre métodos contraceptivos. Além disso, mulheres com mais anos de estudo geralmente têm filhos mais tarde: enquanto as sem instrução engravidam aos 26,7 anos, aquelas com ensino superior só o fazem, em média, aos 30,7 anos.

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