Durante visita oficial à Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira que pretende disputar um quarto mandato nas eleições presidenciais de 2026. A declaração foi feita diante do presidente indonésio, Prabowo Subianto, durante uma entrevista coletiva em Jacarta, marcando o primeiro anúncio público de Lula sobre suas intenções eleitorais.
“Eu quero lhe dizer que eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil”, afirmou o presidente, que completará 80 anos no próximo dia 27. Caso seja reeleito, Lula tomará posse para um novo mandato em 2027, aos 81 anos.
Ao confirmar que disputará um quarto mandato, Lula indicou que a continuidade de sua política externa será um dos pilares de sua próxima campanha.
“Digo isso porque ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, mas estou preparado para disputar outras eleições e fortalecer a relação entre Indonésia e Brasil”, afirmou.
Lula e quarto mandato: presidente vai usar palco internacional
A visita reforçou o tom de política externa ativa e voltada ao Sul Global, ao mesmo tempo em que o presidente brasileiro utilizou o palco internacional para lançar o primeiro aceno formal à disputa presidencial de 2026 — selando, de forma simbólica, o início de uma nova corrida eleitoral no país.
Na visita de Estado, Brasil e Indonésia assinaram acordos em áreas estratégicas como agricultura, energia, comércio, defesa, educação, ciência e tecnologia. Segundo Lula, o objetivo é elevar a relação entre os dois países a um novo patamar.
“É quase inexplicável, para as nossas sociedades, como é que dois países importantes no mundo, como Indonésia e Brasil, com quase 500 milhões de habitantes, só tenham um comércio de US$ 6 bilhões. É pouco”, disse o presidente.
Lula destacou que o comércio bilateral triplicou nas últimas duas décadas, saltando de US$ 2 bilhões para US$ 6,5 bilhões, mas que o potencial é muito maior. Prabowo Subianto afirmou que o intercâmbio entre os países poderá atingir US$ 20 bilhões nos próximos anos e anunciou que o português será incluído entre as línguas prioritárias no sistema educacional indonésio.
Convergência diplomática
Os dois presidentes demonstraram alinhamento em temas globais. Lula reiterou sua posição sobre o conflito em Gaza, defendendo a criação de dois Estados como caminho para a paz no Oriente Médio. “Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza”, disse.
O líder brasileiro também voltou a cobrar a reforma do Conselho de Segurança da ONU, destacando a necessidade de maior representatividade, e ressaltou a importância crescente do Brics como instrumento de defesa dos interesses do Sul Global.
Em tom crítico ao protecionismo e à dependência do dólar, Lula defendeu o uso de moedas locais no comércio bilateral e pregou o fortalecimento do multilateralismo.
“O século XXI exige que a gente mude a forma de agir comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo”, afirmou.
Defesa e transição energética
Os líderes também discutiram oportunidades no setor de defesa e na exploração de minerais críticos, essenciais para a transição energética. Lula ressaltou que o Brasil possui “sólida base industrial militar” e está disposto a contribuir com a modernização das forças armadas indonésias.
No campo energético, os dois países pretendem aprofundar a cooperação em mineração e gestão soberana de recursos estratégicos.
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