O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou pela primeira vez na terça-feira (30) sobre o impasse nas eleições presidenciais na Venezuela, realizadas no último domingo.
De acordo com o resultado oficial divulgado pelo Comitê Nacional Eleitoral (CNE), o atual presidente, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor com 51,2% dos votos. No entanto, a oposição e autoridades estrangeiras alegam que houve fraude e que o verdadeiro vencedor foi o opositor Edmundo Gonzalez.
“É normal que haja uma disputa. Como resolver essa disputa? Apresenta-se a ata”, afirmou Lula em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso. “Se houver dúvidas sobre a ata entre a oposição e a situação, a oposição pode entrar com um recurso e esperar o processo na Justiça. E haverá uma decisão, que devemos acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo”.
A oposição venezuelana, no entanto, alega que o Poder Judiciário é controlado por Maduro e questiona a normalidade do processo político no país, apontando que, ao longo dos anos, o chavismo passou a dominar órgãos como a Suprema Corte e o Conselho Eleitoral.
Nas eleições venezuelanas, as atas são boletins que registram os votos em cada urna. Até o momento, essas atas não foram apresentadas pelas autoridades. O governo venezuelano afirmou que houve um ataque de hackers ao sistema, impedindo a divulgação dos dados.
Lula, porém, indicou que só reconhecerá o resultado eleitoral após a apresentação das atas. “Quando as atas forem apresentadas e confirmadas como verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, disse o presidente.
Eleição na Venezuela: Itamaraty adota cautela
O Ministério das Relações Exteriores afirmou, na segunda-feira (29), que acredita no “o caráter pacífico da jornada eleitoral na Venezuela” e afirmou estar acompanhando “com atenção o processo de apuração”, mas ressaltou a importância da transparência na divulgação dos dados.
“[O governo brasileiro] reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”, diz a nota do Itamaraty. A nota também menciona que o governo brasileiro aguarda “a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
Contrariando a cautela do Itamaraty, a Executiva Nacional do PT publicou na noite de segunda-feira uma nota reconhecendo a vitória de Maduro na eleição na Venezuela, referindo-se a ele como “presidente agora reeleito”.
