O IRB Brasil (IRBR3) realiza a eleição de seu novo Conselho Fiscal nesta quinta-feira (31), com a participação de duas chapas distintas. Uma delas foi formada a partir de movimentações de Luiz Barsi, considerado hoje o maior investidor individual no Brasil.
A chapa apresenta entre os candidatos a filha do investidor, a economista Louise Barsi, além de Valmir Pedro Rossi, atual membro do Comitê de Auditoria e Integridade da BRF (BRFS3).
A outra chapa conta com Leonardo de Paiva Rocha e José Rubens de Alonso. O atual secretário do Tesouro Nacional, Paulo Fontoura Valle, foi indicado pela União e tem seu nome inscrito nas duas chapas.
Vez aos pequenos acionistas
A ideia de Luiz Barsi ao indicar sua filha Louise Barsi é garantir aos acionistas minoritários mais espaço e menos burocracia a quem se interessar em participar mais ativamente das decisões da companhia.
Hoje, a companhia é uma corporation, ou seja, não tem um grande controlador: os maiores acionistas são Bradesco Seguros, empresa do grupo Bradesco (BBDC3), com 15,8% das ações, e Itaú Seguros, do grupo Itáu Unibanco (ITUB4), com 11,5%.
Estima-se que hoje, entre médios e pequenos investidores, as ações da IRB Brasil estejam divididas, em números aproximados, entre 285 mil pessoas físicas, 1.380 pessoas jurídicas e 650 investidores institucionais.
Ao site Infomoney, Louise Barsi disse que empresas sem controlador definido precisam abrir mais facilmente o espaço aos pequenos acionistas. Ela espera inclusive que esses acionistas possam participar até mesmo do Conselho de Administração, que será modificado no ano que vem.
Além de eleger o novo conselho fiscal, a assembleia desta quinta-feira vai deliberar sobre o limite de remuneração anual dos administradores e membros do conselho, além de votar as contas da atual administração.
O que é o IRB Brasil (IRBR3)
O Instituto de Resseguros do Brasil foi fundado em 1939 pela governo, durante o período do Estado Novo de Getúlio Vargas, com o objetivo de reter no país os investimentos de riscos das seguradoras nacionais que antes eram transferidos para o exterior.
De estatal a corporation
A empresa foi estatal monopolista no setor até 2007, quando perdeu o monopólio de resseguros.
Em 2013, foi privatizada e, em 2017, realizou sua IPO na B3 (B3SA3), arrecadando cerca de R$ 2 bilhões.Em 2019, realiza dois bem-sucedidos follow-ons, no valor de aproximadamente R$ 10 bilhões. Como consequência, o Acordo de Acionistas da Companhia foi rescindido e a Companhia se tornou uma corporation. ou seja, empresa sem controladores.
Nos últimos dois anos, a empresa apresentou dificuldades financeiras. Em 2020, passou a ser investigada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) sob suspeita de falta de liquidez. A IRB se defendeu, alegando questões burocráticas, mas o valor das ações desabou e a situação ainda não foi recuperada.
Perdas fortes em 2021
No balanço de 2021, apresentado em fevereiro, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 371 milhões. Segundo análise do BTG Pactual (BPAC11), dados da Susep já indicavam pera, mas o valor acabou sendo maior que o esperado pelo mercado.
“O índice de sinistralidade continua muito alto, pois a empresa continua lutando por conta de antigas apólices emitidas durante a administração anterior, que está sendo acusada de fraudes e outras irregularidades”, afirma a análise.
Embora tenha conseguido um faturamento de prêmios maior que o esperado, a empresa sofreu com alta sinistralidade, o que resultou em perda de caixa: a posição caiu cerca de R$ 1,2 bilhão durante o quarto trimestre de 2021, impactada por sinistros pagos, pagamentos antecipados a cedentes e prêmios retrocedidos mais altos.
No quarto trimestre, o IRB teve um superávit de capital regulatório equivalente a um índice de solvência regulatório de 106% (patrimônio líquido ajustado/capital de risco total), diminuindo de 143% no terceiro trimestre, devido ao prejuízo mais forte. O índice de solvência total também caiu t/t e a/a para 232%.
O IRB diz em seus resultados que está “constantemente avaliando alternativas para otimizar sua estrutura de capital e elevar seus indicadores regulatórios daqui para a frente”.
Louise Barsi defende que a participação mais ativa dos acionistas minoritários poderá ajudar a evitar problemas como os sofridos pela empresa nos últimos dois anos e garantir mais transparência na governança.
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