Irã e Paquistão atacaram os territórios um do outro, em uma escalada do conflito no Oriente Médio sem precedentes de hostilidades entre os vizinhos. As tensões na região têm aumentado expressivamente nas últimas semanas, e até envolvido operações de potências como Estados Unidos e Reino Unido.
Os países compartilham uma fronteira que se estende por cerca de 900 quilômetros, com a província do Baluchistão de um lado, no Paquistão, e as províncias de Sistão e Baluchistão, no Irã, do outro. Ambos compartilham um mesmo inimigo separatista na região balúchi, e têm lutado contra ele há anos.
Ainda assim, é altamente incomum que Irã e Paquistão ataquem militantes no território um do outro.
Neste momento, os pares e representantes do Irã no Oriente Médio – o chamado “eixo de resistência” – lançam ataques contra as forças israelenses e os seus aliados na guerra em Gaza, que se estende desde o início de outubro.
Vale lembrar que o Paquistão, que conta com armas nucleares, é majoritariamente sunita – o ramo dominante do Islã; já o Irã tem maioria xiita.
Irã e Paquistão: entenda o conflito
Na terça-feira (16), o Irã conduziu ataques à parte paquistanesa do Baluchistão. A ofensiva matou duas crianças e feriou várias outras, segundo as autoridades locais.
O Irã alegou, em defesa, que tinha “apenas como alvo terroristas iranianos em solo do Paquistão” e que nenhum cidadão foi alvo. Ainda assim, o ataque não agradou o país vizinho, que classificou a ofensiva como uma “violação flagrante do direito internacional e do espírito das relações bilaterais entre o Paquistão e o Irã”.
Dois dias depois, na quinta-feira (18), o Paquistão reagiu com o que classificou como “uma série de ataques militares de precisão altamente coordenados e especificamente direcionados” contra diversos supostos esconderijos separatistas nas regiões de Sistão e Baluchistão.
O Ministério das Relações Exteriores local disse que militantes foram mortos. Já as autoridades do Irã informaram que pelo menos sete pessoas morreram, três mulheres e quatro crianças.
O que motivou o ataque
A determinação de cada lado de atingir alvos além das fronteiras, sem se informarem primeiro, é altamente incomum e gera diversas dúvidas.
No entanto, o conflito entre Irã e Paquistão acontece ao mesmo tempo dos bombardeios de Gaza por Israel, que pode ter encorajado o Irã na busca de objetivos além das fronteiras, segundo especialistas.
Os Estados Unidos também têm um papel importante nesta história, pois estão em uma linha tênue entre trabalhar para reduzir as hostilidades na região e na flexibilização de seu próprio poderio militar para dissuadir novas ações do Irã.
Também continuam os combates entre Israel e o grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, na fronteira com o Líbano.
Especialistas acreditam que o país possa estar buscando a hegemonia regional, principalmente quando os EUA e Israel estão lá, atacando grupos rebeldes como os houthis e os terroristas do Hamas. Nisso, o Irã sentiria a necessidade de se afirmar.
