O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, registrou alta de 0,43% em abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de ter desacelerado em relação a março, quando a taxa foi de 0,56%, o resultado ficou acima da expectativa do mercado, que previa uma elevação de 0,2%.
Com isso, o IPCA acumula alta de 2,48% no ano e 5,53% nos últimos 12 meses, levemente acima dos 5,48% registrados no período anterior e também acima da previsão de 5,5%.

IPCA de abril: alimentos e bebidas puxam alta
O principal responsável pela alta em abril foi o grupo Alimentação e bebidas, com variação de 0,82%, o que contribuiu com 0,18 ponto percentual no índice geral. Embora tenha desacelerado em relação ao mês anterior (1,17%), o grupo continua com forte peso no orçamento das famílias. A alta nos preços de batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%), café moído (4,48%) e lanche (1,38%) pressionou o índice. Em contrapartida, o arroz registrou queda de 4,19%.
Outro destaque foi o grupo Saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,18%, impulsionado especialmente pelos produtos farmacêuticos, com alta de 2,32%, refletindo o reajuste de até 5,09% autorizado a partir de 31 de março. Esse segmento foi o que teve o maior impacto individual no índice geral (+0,08 p.p.).
Na contramão, o grupo Transportes recuou 0,38%, puxado pela forte queda de 14,15% nas passagens aéreas, o que ajudou a conter uma inflação ainda mais elevada. Os combustíveis também apresentaram retração geral de -0,45%, com destaque para o óleo diesel (-1,27%) e o etanol (-0,82%), beneficiados pela redução nos preços nas refinarias e avanço da safra.
Já o grupo Vestuário registrou uma alta significativa de 1,02%, impulsionada pela troca de estação e chegada das novas coleções. No grupo Despesas pessoais (0,54%), os aumentos no cigarro (2,71%) e nos serviços bancários (0,87%) chamaram atenção.
IPCA de abril: Porto Alegre registra maior inflação regional
Regionalmente, Porto Alegre teve a maior inflação do mês, com 0,95%, pressionada pela alta na energia elétrica residencial (3,37%) e no tomate (45,96%). A menor variação foi registrada em Brasília (0,04%), influenciada pelas quedas nas passagens aéreas (-7,46%) e na gasolina (-1,69%).
No recorte dos serviços, houve desaceleração de 0,62% para 0,20% entre março e abril, principalmente pela queda no setor aéreo. Já os preços monitorados – que incluem itens controlados pelo governo – aceleraram de 0,18% para 0,35%, puxados pelos medicamentos.
INPC também sobe
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu 0,48% em abril, após alta de 0,37% no mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,32%, também acima dos 5,20% do período anterior.
Para Stephan Kautz, o IPCA ainda revela uma “inflação que incomoda”. “Nossa projeção era de 0,42%, veio pouco acima disso. Mas quando a gente analisa núcleos e serviços nos últimos três meses, de forma anualizada, vemos que os números estão rodando em 6%, que é dobro da meta do Banco Central. Então, é uma inflação que incomoda pela composição”, afirma.
Ouça o áudio na íntegra:
O que é o IPCA?
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, foi criado em 1979 para medir as variações mensais nos preços de produtos e serviços consumidos pela população brasileira.
Além de acompanhar a inflação, o IPCA é utilizado como base para reajustes de salários, tarifas públicas, mensalidades escolares, planos de saúde, aluguéis, entre outros. Sua variação influencia diretamente o poder de compra dos consumidores e orienta as decisões de política monetária do Banco Central (Bacen).
Como o IPCA é calculado?
Todos os meses, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza uma coleta de preços de diversos itens e compara com os valores do mês anterior para calcular a inflação. A pesquisa foca nos produtos e serviços mais consumidos por famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários-mínimos, abrangendo cerca de 90% das áreas urbanas pesquisadas pelo IBGE.
O cálculo do IPCA é feito com base em diferentes grupos de consumo, cada um com um peso específico no índice. Transporte, alimentação e habitação têm maior influência no resultado, enquanto itens como vestuário e artigos para o lar têm menor impacto.
A próxima divulgação do IPCA está prevista para o dia 10 de junho, quando será conhecido o desempenho da inflação em maio.