O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, subiu 0,56% em dezembro, de 0,28% em novembro, e expectativa de alta menor, de 0,49%.
Ainda assim, no ano, a inflação ficou abaixo do teto da meta, em 4,62%, ante consenso de 4,55%. Em 2022, o indicador anual marcava alta de 5,79%.
O indicador oficial de inflação não deve alterar as expectativas de cortes para a Selic, taxa básica de juros. O mercado espera que seja mantido o ritmo de cortes de 50 pontos-base a cada reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), com taxa de 9,25% até dezembro.
Dezembro foi o sexto mês consecutivo com taxas positivas no IPCA. Com esse resultado, o índice encerra 2023 com uma alta acumulada de 4,62%, situando-se dentro da faixa da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
IPCA de dezembro: alimentos e bebidas têm maior impacto
No mês de dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços analisados na pesquisa apresentaram aumentos. O maior impacto veio do grupo de alimentação e bebidas (1,11%), que acelerou em comparação ao mês anterior (0,63%) e contribuiu significativamente para o resultado geral (0,23 ponto percentual).
A alta nos preços da batata-inglesa (19,09%), do feijão-carioca (13,79%), do arroz (5,81%) e das frutas (3,37%) levou a uma elevação de 1,34% na alimentação no domicílio. Por outro lado, o preço do leite longa vida diminuiu pelo sétimo mês consecutivo (-1,26%).
O grupo de transportes (0,48%) foi o segundo que mais contribuiu para o índice geral (0,10 ponto percentual), com as passagens aéreas (8,87%) mantendo-se em alta pelo quarto mês consecutivo, enquanto todos os combustíveis pesquisados apresentaram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
O setor de habitação (0,34%), que desacelerou em comparação com novembro (0,48%), teve aumentos notáveis na energia elétrica residencial (0,54%), na taxa de água e esgoto (0,85%) e no gás encanado (1,25%). Os demais grupos registraram os seguintes resultados: Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,70%), Despesas pessoais (0,48%), Saúde e cuidados pessoais (0,35%), Educação (0,24%) e Comunicação (0,04%).

Inflação de 4,62% no ano
No acumulado do ano, a inflação alcançou 4,62%, ficando abaixo dos 5,79% registrados no ano anterior. O grupo de transportes (7,14%) foi o que mais impactou esse resultado, com destaque para o aumento da gasolina (12,09%), que exerceu a maior contribuição individual (0,56 ponto percentual) para o índice geral.
O grupo de Alimentação e bebidas, com maior peso no IPCA de dezembro, teve um aumento de 1,03% no ano, influenciado pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%), com deflação notável no óleo de soja (-28,00%), no frango em pedaços (-10,12%) e nas carnes (-9,37%). Outros grupos destacados no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).
IPCA de dezembro: INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que assim como o IPCA avalia a variação de preços de produtos e serviços para o comprador final, mas sob a perspectiva das famílias de baixa renda (1 a 5 salários mínimos), registrou alta de 0,55% em dezembro, superior ao resultado do mês anterior (0,10%).
No acumulado de 2023, o INPC teve um aumento de 3,71%, abaixo do registrado no ano anterior (5,93%). No acumulado do ano, os produtos alimentícios apresentaram uma alta de 0,33%, enquanto os não alimentícios tiveram um aumento de 4,83%.
O resultado acumulado do INPC ficou abaixo do IPCA principalmente devido ao maior peso do grupo alimentação e bebidas em sua cesta. Em dezembro do ano passado, os preços dos produtos alimentícios aceleraram (de 0,57% para 1,20%), enquanto os não-alimentícios também registraram variações maiores (0,35% em dezembro contra -0,05% no mês anterior).
O IPCA de dezembro veio quase 10 pontos-base acima do esperado pela EQI Asset, aponta Stephan Kautz, economista-chefe da gestora. A grande surpresa para ele veio da alta no segmento de alimentos.
Segundo Kautz, o cenário ainda é bastante confortável nos núcleos da inflação, com alguma aceleração na parte de serviços – o que não deve apresentar melhora adicional ao longo do ano. A projeção é de inflação de 4,5% em serviços em 2024.
Ainda assim, o resultado não atrapalha o cenário de corte de juros pelo Banco Central, que deve manter o ritmo de 50 pontos-base a cada reunião.
No ano, a inflação ficou abaixo do teto da meta e, portanto, não será preciso que o Banco Central escreva uma carta explicando o furo da meta, como aconteceu nos anos anteriores. Para 2024, a projeção da EQI Asset é de IPCA a 3,9%.
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