Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
IPCA de dezembro sobe acima do esperado, mas sem impacto sobre corte de juros

IPCA de dezembro sobe acima do esperado, mas sem impacto sobre corte de juros

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, subiu 0,56% em dezembro, de 0,28% em novembro, e expectativa de alta menor, de 0,49%.

Ainda assim, no ano, a inflação ficou abaixo do teto da meta, em 4,62%, ante consenso de 4,55%. Em 2022, o indicador anual marcava alta de 5,79%.

O indicador oficial de inflação não deve alterar as expectativas de cortes para a Selic, taxa básica de juros. O mercado espera que seja mantido o ritmo de cortes de 50 pontos-base a cada reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), com taxa de 9,25% até dezembro.

Dezembro foi o sexto mês consecutivo com taxas positivas no IPCA. Com esse resultado, o índice encerra 2023 com uma alta acumulada de 4,62%, situando-se dentro da faixa da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

IPCA de dezembro: alimentos e bebidas têm maior impacto

No mês de dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços analisados na pesquisa apresentaram aumentos. O maior impacto veio do grupo de alimentação e bebidas (1,11%), que acelerou em comparação ao mês anterior (0,63%) e contribuiu significativamente para o resultado geral (0,23 ponto percentual).

Publicidade
Publicidade

A alta nos preços da batata-inglesa (19,09%), do feijão-carioca (13,79%), do arroz (5,81%) e das frutas (3,37%) levou a uma elevação de 1,34% na alimentação no domicílio. Por outro lado, o preço do leite longa vida diminuiu pelo sétimo mês consecutivo (-1,26%).

O grupo de transportes (0,48%) foi o segundo que mais contribuiu para o índice geral (0,10 ponto percentual), com as passagens aéreas (8,87%) mantendo-se em alta pelo quarto mês consecutivo, enquanto todos os combustíveis pesquisados apresentaram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).

O setor de habitação (0,34%), que desacelerou em comparação com novembro (0,48%), teve aumentos notáveis na energia elétrica residencial (0,54%), na taxa de água e esgoto (0,85%) e no gás encanado (1,25%). Os demais grupos registraram os seguintes resultados: Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,70%), Despesas pessoais (0,48%), Saúde e cuidados pessoais (0,35%), Educação (0,24%) e Comunicação (0,04%).

IPCA de dezembro: gráfico
Fonte: IBGE

Inflação de 4,62% no ano

No acumulado do ano, a inflação alcançou 4,62%, ficando abaixo dos 5,79% registrados no ano anterior. O grupo de transportes (7,14%) foi o que mais impactou esse resultado, com destaque para o aumento da gasolina (12,09%), que exerceu a maior contribuição individual (0,56 ponto percentual) para o índice geral.

O grupo de Alimentação e bebidas, com maior peso no IPCA de dezembro, teve um aumento de 1,03% no ano, influenciado pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%), com deflação notável no óleo de soja (-28,00%), no frango em pedaços (-10,12%) e nas carnes (-9,37%). Outros grupos destacados no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).

IPCA de dezembro: INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que assim como o IPCA avalia a variação de preços de produtos e serviços para o comprador final, mas sob a perspectiva das famílias de baixa renda (1 a 5 salários mínimos), registrou alta de 0,55% em dezembro, superior ao resultado do mês anterior (0,10%).

No acumulado de 2023, o INPC teve um aumento de 3,71%, abaixo do registrado no ano anterior (5,93%). No acumulado do ano, os produtos alimentícios apresentaram uma alta de 0,33%, enquanto os não alimentícios tiveram um aumento de 4,83%.

O resultado acumulado do INPC ficou abaixo do IPCA principalmente devido ao maior peso do grupo alimentação e bebidas em sua cesta. Em dezembro do ano passado, os preços dos produtos alimentícios aceleraram (de 0,57% para 1,20%), enquanto os não-alimentícios também registraram variações maiores (0,35% em dezembro contra -0,05% no mês anterior).

Tá, e aí?Stephan Kautz

O IPCA de dezembro veio quase 10 pontos-base acima do esperado pela EQI Asset, aponta Stephan Kautz, economista-chefe da gestora. A grande surpresa para ele veio da alta no segmento de alimentos.

Segundo Kautz, o cenário ainda é bastante confortável nos núcleos da inflação, com alguma aceleração na parte de serviços – o que não deve apresentar melhora adicional ao longo do ano. A projeção é de inflação de 4,5% em serviços em 2024.

Ainda assim, o resultado não atrapalha o cenário de corte de juros pelo Banco Central, que deve manter o ritmo de 50 pontos-base a cada reunião.  

No ano, a inflação ficou abaixo do teto da meta e, portanto, não será preciso que o Banco Central escreva uma carta explicando o furo da meta, como aconteceu nos anos anteriores. Para 2024, a projeção da EQI Asset é de IPCA a 3,9%.

Ouça o áudio na íntegra: