O IPCA de junho teve queda de 0,08%, alinhado com o consenso das projeções do mercado e o primeiro registro de deflação desde setembro do ano passado no índice oficial de inflação do país e uma desaceleração em relação a maio, quando ficou em 0,23%,
O IPCA acumula alta de 2,87% no ano. Nos últimos 12 meses, o índice acumulado é de 3,16%, abaixo dos 3,94% acumulados até o mês passado. A inflação de junho de 2022 havia sido de 0,67%.
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Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE e apontam para uma desaceleração que reforça a tendência de queda da Selic, hoje em 13,75% ao ano, já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) a respeito do tema, nos dias 1 e 2 de agosto.
IPCA: componentes do índice
Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os grupos que mais contribuíram para o resultado do mês, com impacto de -0,14 p.p. e -0,08 p.p no índice geral, respectivamente. Também registraram quedas os Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%). No lado das altas, o maior impacto (0,10 p.p.) e a maior variação (0,69%) vieram de Habitação. Os demais grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 0,36% de Despesas pessoais.
“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explica André Almeida, analista da pesquisa.
O grupo Alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%). Destacam-se as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%). Já a alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), em virtude das altas menos intensas do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).
“Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, explica Almeida.
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IPCA de junho: Transportes em queda, Habitação em alta
Em Transportes (-0,41% e -0,08 p.p.), o resultado deve-se ao recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%). Destaca-se, ainda, o resultado de combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%). No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.
“Todos os combustíveis pesquisados apresentaram queda. Além disso, a gasolina é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina, esse mês, teve um impacto de -0,06 p.p.”, destaca o analista.
Ele explica que a redução nos preços dos automóveis novos foi puxada pelo programa de descontos criado pelo governo federal, que vincula créditos tributários às montadoras em troca de redução de preços de modelos de até R$ 120 mil.
Já para a alta do grupo Habitação (0,69%), a maior contribuição (0,06 p.p.) veio da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%). Em ambos os casos, houve reajustes aplicados em algumas áreas de abrangência da pesquisa. Por outro lado, houve queda nos preços de gás encanado (-0,04%), devido a reduções tarifárias, e do gás de botijão (-3,82%).
Destaca-se, ainda, o resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,11%), influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (0,38%), decorrente de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
IPCA de junho: variações regionais
Em relação aos índices regionais, apenas cinco áreas apresentaram alta em junho. A maior variação foi em Belo Horizonte (0,31%), em função da energia elétrica residencial (13,66%).
Já a menor variação foi registrada em Goiânia (-0,97%), influenciada pelas quedas de 5,40% na gasolina e de 4,83% na energia elétrica residencial.
INPC tem queda de 0,10% em junho
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), teve queda de 0,10% em junho. Em maio, o índice havia registrado aumento de 0,36%. No ano, o INPC acumula alta de 2,69% e, nos últimos 12 meses, de 3,00%, abaixo dos 3,74% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2022, a taxa foi de 0,62%.
Os produtos alimentícios caíram 0,66% em junho e os não alimentícios subiram 0,08%, desacelerando em relação ao resultado de 0,43% observado em maio. Regionalmente, doze áreas registraram queda em junho, com o menor resultado em Goiânia (-0,86%), e o maior, em Recife (0,38%).
IPCA e INPC: entenda a pesquisa
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é considerado o índice oficial de inflação do país e abrange o consumo das famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC é focado nos itens de consumo das famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos.
A pesquisa é realizada nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
O economista João Paulo Rabe, da EQI Asset, alerta que os números do IPCA, embora baixos, ainda estão longe do ideal na visão do Banco Central, que prioriza a análise do núcleo da inflação, que não considera os índices mais voláteis, como alimentação e combustíveis. “Os serviços parecem estar acelerando novamente e o índice de núcleo ficou acima do esperado”, aponta o analista.
Ele explica ainda que os números referentes aos automóveis novos não tiveram a queda esperada após o anúncio do programa de desoneração. “Era esperada uma queda em torno de 5%, o que não aconteceu, e isso evitou que a deflação pudesse ser ainda maior”, aponta Rabe.
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