Desde a nomeação de Márcio Pochmann para a presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a autarquia enfrenta uma crise atrás devido ao perfil centralizador dele, conforme avaliação dos servidores do órgão.
O episódio mais recente da crise no instituto foi a criação da Fundação IBGE +, que está levantando suspeitas sobre os rumos da gestão e a autonomia técnica do instituto.
A justificativa de Pochmann para a criação da fundação é clara: garantir o reconhecimento do IBGE como Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT), o que permitiria captar recursos fora do orçamento público.
“Essenciais para a urgente e imprescindível modernização e fortalecimento tecnológico”, afirmou o economista, que foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2023.
Pochmann encara uma resistência de parte dos servidores desde o início de sua gestão. Segundo ele, o processo foi discutido no Conselho e devidamente comunicado no portal do IBGE e no site da fundação.
No entanto, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE discorda da medida e aponta que o quadro técnico do órgão não foi consultado.
Os servidores temem que a fundação possa “comprometer a autonomia técnica do órgão oficial”. O sindicato reforça essa preocupação ao citar as exonerações na Diretoria de Pesquisas, que, segundo os representantes da categoria, demonstram que as mudanças vão além de “uma corriqueira discordância”.
A presidência do IBGE, no entanto, nega que a autonomia técnica esteja ameaçada.
Trabalho presencial e problemas de infraestrutura aumentam insatisfação
Outro ponto de conflito entre a gestão e os servidores foi a determinação, em agosto de 2024, do retorno ao trabalho presencial para funcionários que estavam em home office desde a pandemia.
Pela portaria, esses trabalhadores devem comparecer ao local de trabalho duas vezes por semana. O IBGE justificou a medida com a necessidade de preparar a chegada de cerca de mil novos servidores aprovados no Concurso Público Nacional Unificado (CNU).
Contudo, a medida foi mal recebida pelos funcionários, especialmente no Rio de Janeiro, onde o IBGE passa por mudanças logísticas.
O instituto está se mudando para um espaço provisório no prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), na Avenida Chile, centro da capital fluminense. De acordo com o sindicato, o novo local tem apenas um terço do espaço anterior e apresenta condições precárias de acesso.
“O novo espaço está a 15 minutos do ponto de ônibus mais próximo, em um trajeto ermo e sem calçada, que frequentemente fica intransitável devido a alagamentos”, denunciou o sindicato.
Para minimizar as dificuldades, o IBGE prometeu disponibilizar vans para transportar os servidores. Apesar da medida, o sindicato criticou a promessa, destacando que ocorre “num contexto onde o IBGE atrasa pagamentos para fornecedores”, gerando dúvidas sobre a manutenção e a qualidade do serviço.
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Guerra de versões e clima de insatisfação
A relação entre a direção do IBGE e os servidores já vinha deteriorada desde a nomeação de Pochmann, que é ligado à ala ideológica do PT.
As medidas recentes intensificaram os conflitos, com trocas públicas de críticas. O sindicato, por meio de seu site, publicou duras declarações contra a direção do órgão, enquanto o IBGE emitiu respostas que, por sua vez, foram novamente rebatidas pelos representantes dos trabalhadores.
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