O Banco Central precisará emitir uma carta explicando o descumprimento da meta de inflação em 2024. O documento será assinado por Gabriel Galípolo, presidente da autoridade monetária desde o início do ano, após sua nomeação por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A carta será dirigida ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atendendo à exigência do regime de metas de inflação, que está em vigor desde 1999. Para o ano de 2024, a meta definida era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
No entanto, a inflação final foi de 4,83%, ultrapassando o limite superior de 4,5%, o que marca o oitavo descumprimento desde a criação do regime.
Desempenho do IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, registrou alta de 0,52% em dezembro de 2024, acima dos 0,39% observados em novembro. No acumulado do ano, a inflação fechou em 4,83%, ligeiramente acima dos 4,62% de 2023, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE.
Para 2025, as previsões indicam a possibilidade de um novo descumprimento da meta. O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central projeta uma inflação de 4,9% para o ano, acima do teto de 4,5%.
Caso se concretize, este cenário reforça os desafios para a política monetária, enquanto o IPCA segue pressionado por altas em alimentos e combustíveis, fatores determinantes para o desempenho de dezembro e do acumulado de 2024.
Apesar disso, o descumprimento da meta de inflação em 2024 não era uma surpresa. A expectativa entre analistas financeiros já apontava que a inflação superaria o limite permitido. O próprio Banco Central já havia reconhecido, em dezembro, que a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto era de 100%.
A meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024 era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Portanto, o intervalo de metas era: 1,5% no limite inferior, 3% no centro e 4,5% no limite superior.
Impacto da inflação nos juros
A meta para 2025 permanece a mesma que para 2024, o que exige do Banco Central uma gestão mais rigorosa da taxa de juros. O principal objetivo da autoridade monetária é garantir que a inflação permaneça dentro do intervalo estabelecido, e a principal ferramenta para isso é o aumento da taxa de juros.
Atualmente, a taxa Selic está em 12,25% ao ano, e a expectativa é que ela suba para 14,25% até março. Analistas financeiros projetam que a taxa poderá ultrapassar os 15% ao final de 2025. O aumento da Selic torna o crédito mais caro, o que ajuda a desacelerar o consumo e a produção, evitando pressões inflacionárias mais fortes.
Sugestão de Galípolo
Durante um evento no início de dezembro, Gabriel Galípolo sinalizou que os juros no Brasil devem permanecer elevados por um período mais prolongado. Na ocasião, ele destacou que o atual dinamismo econômico, somado à desvalorização do real, exige uma postura mais rígida da política monetária.
“Parece lógico que uma economia que vem mostrando maior dinamismo do que o esperado, juntamente com uma moeda mais desvalorizada, demande uma política monetária mais contracionista”, afirmou Galípolo.
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