As atenções do mercado se voltam nesta semana para o Federal Reserve (Fed), cujas autoridades devem apresentar novas projeções sobre as taxas de juros em meio a um cenário global desafiador. A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que termina na quarta-feira (18), será acompanhada de perto por investidores em busca de sinais sobre os rumos da política monetária dos Estados Unidos. E analistas internacionais avaliam que a autoridade monetária norte-americana deverá manter as taxas inalteradas.
Embora não se espere um movimento imediato nas taxas, atualmente em 5,25% a 5,50% ao ano, os desdobramentos da reunião podem impactar significativamente os mercados. Em pauta estão o impacto das novas tarifas comerciais, o agravamento da crise no Oriente Médio — especialmente o conflito entre Israel-Irã —, e as recentes pressões da Casa Branca por uma flexibilização da política monetária.
Entre os pontos mais observados está a atualização do “dot plot”, gráfico que mostra as projeções de cada membro do comitê sobre os juros. Na última edição, em março, a mediana indicava dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano — em linha com o que o mercado precifica atualmente. No entanto, analistas alertam que bastaria uma mudança na visão de dois membros para que essa projeção fosse reduzida a apenas um corte.
Fomc: BofA não vê pressa para cortar juros
Segundo o economista do Bank of America (BofA), Aditya Bhave, a principal mensagem do Fed será a manutenção do atual status de espera. “A política monetária está em um bom estado e não há pressa para o Fed agir”, afirmou, de acordo com a CNBC. Para o BofA, é improvável que haja cortes em 2025, mas o banco reconhece que a autoridade monetária deve manter aberta essa possibilidade, diante da desaceleração do mercado de trabalho e da inflação mais branda nos últimos meses.
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A taxa de desemprego segue relativamente baixa, em 4,2%, mas os dados de maio indicaram uma desaceleração gradual na criação de vagas. Além disso, a recente alta de tarifas promovida pelo presidente Donald Trump ainda não teve reflexo significativo nos índices de preços, mas adiciona incertezas ao cenário inflacionário futuro.
Enquanto isso, cresce a pressão política. Trump e membros de sua equipe intensificaram os apelos por uma política monetária mais branda, buscando estímulo à atividade econômica em ano eleitoral. O conflito geopolítico entre Israel e Irã também levanta preocupações sobre os preços da energia e seus impactos inflacionários.
Para o ex-presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, o atual contexto global favoreceria um corte nos juros. “Se não fossem essas tarifas em potencial, acho que o Fed já estaria empenhado em reduzir os juros”, afirmou Kaplan.