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Sucessão no Fed: por que Kevin Hassett desponta como favorito de Trump; veja a análise da EQI Research

Sucessão no Fed: por que Kevin Hassett desponta como favorito de Trump; veja a análise da EQI Research

Analista da EQI Research avalia por que Kevin Hassett, atual diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, deve ser o escolhido de Donald Trump para comandar o Federal Reserve

A sucessão de Jerome Powell na presidência do Federal Reserve deve ganhar novos contornos nos próximos dias, e o nome de Kevin Hassett surge como o favorito quase consensual dentro do entorno do presidente dos EUA, Donald Trump. 

A avaliação é de Marink Martins, analista de internacional da EQI Research, que revisitou o histórico político do republicano para explicar o cenário atual.

Um retorno a 2017 para entender 2025

Marink lembra que Trump vive agora uma situação semelhante à de 2017, quando precisou escolher o sucessor de Janet Yellen — figura que, segundo ele, “não o agradava”. Naquele momento, o então presidente optou por um processo formal de seleção, que culminou na indicação de Jerome Powell em 2 de novembro de 2017.

A convivência, porém, rapidamente se deteriorou. Em 2018, quando Powell iniciou a normalização do balanço do Fed — reduzindo ativos de US$ 4,5 trilhões para cerca de US$ 3 trilhões — Trump passou a criticá-lo duramente. O ano foi marcado por intensa volatilidade nos mercados, agravada pela guerra comercial e tecnológica entre EUA e China.

“Trump acabou brigando com Powell ao longo de todo o ano de 2018”, afirma Marink, lembrando que ataques públicos se tornaram frequentes à medida que a política monetária contrariava o desejo do então presidente.

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Por que Kevin Hassett é o favorito agora

Dessa vez, avalia o analista, Trump não deve repetir o “erro” de 2017. Entre os cinco finalistas para comandar o Fed, Kevin Hassett — ex-presidente do Council of Economic Advisors (CEA) no primeiro governo Trump e atual diretor do National Economic Council (NEC) — é visto como o candidato praticamente certo.

Para Marink, a vantagem de Hassett é nítida: “Ele é aquele que o Trump já conhece, já deu diretrizes e ficou satisfeito com a execução.”

Os demais nomes têm barreiras políticas ou de perfil:

  • Kevin Warsh – ex-governador do Fed, distante da esfera política desejada por Trump.
  • Christopher Waller e Michelle Bowman – atuais governadores do Fed, cuja institucionalidade cria limites naturais à influência presidencial.
  • Rick Rieder – executivo da BlackRock, com perfil mais próximo ao de um gestor financeiro, “muito distante do linguajar de um presidente do Fed”.

Hassett também carrega histórico controverso que, paradoxalmente, o aproxima ainda mais do ex-presidente. Em 1999, durante a bolha da Nasdaq, foi coautor do livro Dow 36,000, que previa uma forte valorização do índice em um momento claramente especulativo. Para Marink, esse comportamento revela características mais dovish, alinhadas ao desejo de Trump por cortes de juros rápidos e profundos.

“Ele talvez seja a pessoa perfeita para Trump”, resume.

O impacto sobre o Board do Fed

Mesmo com a possível entrada de Hassett, o Board of Governors não será totalmente dominado pelo novo governo, mas a tendência é de maior viés expansionista. A combinação de Hassett com Stephen Moore — outro nome associado ao trumpismo — pode alterar gradualmente a correlação de forças dentro do comitê.

“De uma forma ou de outra, ainda que o board não seja totalmente dominado por Trump, ele certamente será enviesado de uma forma mais dovish”, destaca Marink.

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O que muda para dólar, juros e petróleo

O analista reforça que três preços fundamentais da economia global podem reagir a essa eventual mudança de comando no Fed:

  1. Dólar – tende a enfraquecer caso os juros caiam mais rápido, reduzindo a atratividade da moeda.
  2. Treasuries de 10 anos – a pressão por cortes pode alterar a dinâmica de longo prazo, num mercado que já vive um ciclo de baixa prolongado.
  3. Petróleo – a variável mais incerta.

Sobre o petróleo, Marink alerta que o consenso baixista atual — reforçado por figuras como Jim Cramer, da CNBC — é perigoso. Previsões de US$ 50 ou até US$ 45 por barril ignoram a capacidade da Opep de mudar rapidamente a oferta e o papel crescente dos mercados emergentes, onde o consumo per capita ainda é muito inferior ao dos países desenvolvidos.

O analista reforça ainda o potencial do Brasil no cenário global: “Um Brasil que exporta hoje 1,6 milhão de barris pode caminhar para 2,6 milhões”, alinhado às projeções do Morgan Stanley.

Enfim, Hasset é tão provável quanto o próximo corte de juros

Para Marink Martins, a indicação de Kevin Hassett é quase tão provável quanto um corte de 0,25 ponto percentual pelo Fed na próxima reunião. Caso se confirme, a política monetária dos EUA deve caminhar para um ciclo mais expansionista — com efeitos diretos no dólar, nos juros globais e no mercado de petróleo.

“Here comes the…” brinca o analista, em referência aos Beatles, para introduzir o possível novo rumo do Federal Reserve.