Felipe Neto, influenciador digital com mais de 47 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026 na quinta-feira (3). Mas nesta sexta (4), em novo pronunciamento, admitiu que a notícia era falsa e que, na verdade, tratava-se de uma ação de marketing.
A revelação veio acompanhada do lançamento de uma nova plataforma digital chamada Nova Fala, ambos os anúncios feitos em um vídeo publicado nas redes sociais.
Na quinta-feira, antes do desmentido, as palavras-chave “Felipe Neto” e “presidente” rapidamente viralizaram, dividindo opiniões nas redes.
“Eu anuncio a minha pré-candidatura à Presidência da República. E este não é um gesto de vaidade, porque eu construí um legado financeiro e na comunicação que já me alimenta o estômago e o ego para o resto da vida”, afirmou Felipe, reforçando que a decisão tem motivação política e social.
Apesar da seriedade do anúncio, muitos seguidores interpretaram a fala como irônica ou até provocativa. Ainda assim, o influenciador enfatizou seu compromisso com a proposta: “Eu quero ser presidente porque eu, embora seja um homem de fora da política, eu tenho ao meu lado a maior arma do nosso tempo: o uso das redes […] Não há escapatória nenhuma, então por que não usar a dependência das redes a favor do povo?”
Quem é Felipe Neto?
Felipe Neto é um influenciador digital, empresário e criador de conteúdo brasileiro que ganhou fama no YouTube. Ele começou sua carreira em 2010 com vídeos de humor e críticas sobre cultura pop e comportamento, usando um estilo direto e provocativo que atraiu milhões de seguidores. Com o tempo, ele foi adaptando seu conteúdo para alcançar públicos mais amplos, inclusive o infantojuvenil.
Além do YouTube, Felipe se envolveu em vários negócios, como empresas de gerenciamento de influenciadores e produção de conteúdo. Ele também se posiciona politicamente em temas como educação, desigualdade e liberdade de expressão, o que fez com que se tornasse uma figura polêmica, admirado por uns e criticado por outros.
Hoje, ele é um dos nomes mais influentes da internet brasileira. Usa suas redes para entretenimento, ativismo e opinião, com milhões de seguidores em várias plataformas. Seu impacto vai além dos vídeos: ele participa de debates públicos e é constantemente citado em discussões sobre mídia, política e juventude no Brasil.
Referências a 1984
O vídeo de anúncio da pré-candidatura e da Nova Fala está cheio de referências ao romance distópico 1984, de George Orwell. O livro, publicado originalmente em 1949, retrata um regime totalitário que controla tudo e todos, inclusive a linguagem e a memória histórica. Entre os elementos da obra presentes no vídeo de Felipe Neto, destacam-se:
- A presença do próprio livro 1984 na estante ao fundo;
- Um quadro com um olho, semelhante ao que ilustra a capa da edição de luxo da obra;
- O nome “Nova Fala”, uma alusão direta à “novafala” (ou “novilíngua”), idioma usado pelo regime fictício para limitar o pensamento crítico;
- A citação ao “Ministério da Verdade”, órgão responsável por manipular a realidade segundo os interesses do governo — Felipe ironizou ao dizer que sua rede poderia ser “talvez o [Ministério] da Verdade”;
- E, por fim, a autodeclaração como um “irmão mais velho” do povo brasileiro, evocando o icônico “Grande Irmão” (Big Brother), símbolo máximo da vigilância estatal na narrativa de Orwell.
Essas referências geraram questionamentos: trata-se de uma crítica, uma sátira, ou uma proposta real baseada em um experimento sociopolítico? Felipe se mantém ambíguo, e talvez essa seja a intenção.
Nova Fala: governo neutro ou laboratório de dados?
A plataforma Nova Fala, segundo o próprio Felipe, funcionaria como “uma espécie de laboratório”, onde os cidadãos, ao interagir com conteúdos, forneceriam voluntariamente informações para ajudar a mapear as opiniões e necessidades do povo. A proposta, segundo ele, é criar “uma forma de governo neutra, sem qualquer ideologia”.
Críticos, no entanto, apontam que o projeto ecoa justamente as preocupações que Orwell quis denunciar em 1984: o uso de tecnologia e dados pessoais como instrumentos de controle. Ao propor uma plataforma que “capta em tempo real o que o povo pensa”, Felipe Neto reacende debates sobre privacidade, manipulação e democracia digital.
Felipe Neto desmente candidatura
Após a repercussão, Felipe Neto esclareceu que sua suposta pré-candidatura à Presidência da República não passou de uma encenação. Em novo vídeo publicado nas redes sociais, o influenciador afirmou que nunca teve a intenção real de disputar o cargo em 2026 e que tudo fazia parte de uma estratégia para provocar reflexão entre os seguidores e, ao mesmo tempo, promover o lançamento de um audiolivro da obra 1984, de George Orwell.
“É óbvio que não vou me candidatar a coisa alguma. Eu espero, no fundo do coração, que vocês não tenham acreditado”, disse Felipe, logo no início do vídeo ao desmentir.
No conteúdo anterior, que simulava o anúncio da candidatura, o youtuber fez uso de frases e ideias retiradas diretamente do livro 1984, uma crítica clássica ao autoritarismo. Agora, ele afirma que o tom do vídeo foi propositalmente opressor e contraditório com os valores que defende.
“Tudo que eu falei naquele vídeo que eu me candidatei à presidência da república, é o oposto do que eu acredito. Foram falas autoritárias que eu fiz de propósito. E se você acreditou, ou pior, se você gostou do que eu falei, talvez você precise ler um pouco mais”, afirmou. Segundo ele, a provocação foi pensada justamente para destacar o poder transformador da literatura. “A literatura, ela é a maior arma que uma sociedade tem para enfrentar qualquer tipo de autoritarismo. Os livros, eles têm o poder de transformar esse país e com certeza para melhor.”
Na sequência, o influenciador e empresário aproveitou para revelar o verdadeiro motivo do vídeo: o lançamento do audiolivro de 1984. Ele afirmou que a intenção era despertar o interesse do público pelo clássico de George Orwell, usando o próprio estilo do livro como base para construir sua fala fictícia.
“Se você já teve contato com a obra ‘1984’, deve ter percebido que o meu discurso falso do vídeo de ontem foi totalmente inspirado no governo ditatorial que está lá na história do livro. Inclusive, muitas das frases foram copiadas para vocês perceberem”, explicou. E concluiu: “É claro que eu não vou lançar rede social nenhuma para monitorar, para controlar as pessoas. Afinal, infelizmente isso já acontece.”
Com o vídeo, Felipe Neto retira oficialmente seu nome da lista de possíveis candidatos à Presidência, seguindo o mesmo caminho do cantor Gusttavo Lima, que também recuou após mencionar a ideia de se candidatar.
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