Nesta quarta-feira (21), Brasil e Estados Unidos definem suas taxas de juros.
As opiniões predominantes são de alta de 0,75 ponto porcentual nos juros dos EUA e de manutenção da Selic em 13,75% no Brasil.
Conversamos com Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, sobre as projeções para a Super Quarta no Brasil e nos EUA. Confira os cenários.
Cenário para EUA: alta de 0,75 p.p.
“A gente espera que o banco central americano eleve a taxa de juros em 0,75 ponto porcentual, levando os juros para 3,25%, dos atuais 2,5%. Depois, vemos mais duas altas de 0,50 p.p. até final do ano, depois 0,25 p.p. na primeira reunião de 2023, com juros chegando a 4,5%”, afirma Kautz.
O principal motivo que explica a expectativa de ação mais forte por parte do Fed se justifica pela surpresa com o CPI, inflação ao consumidor – que subiu 0,1%, enquanto o mercado esperava deflação de 0,1%.
Além disso, o mercado de trabalho segue aquecido, com forte geração de vagas, sendo que boa parte delas não está sendo preenchida.
“Você tem mais vagas disponíveis do que gente disposta a trabalhar. Dessa forma, o banco central se sente confortável para fazer uma alta forte de juros, dado que a inflação ainda está muito acima da meta”.
Cenário para o Brasil: fim do ciclo de alta da Selic

Olhando para Brasil, a decisão está mais dividida entre os agentes do mercado, diz Kautz.
“A gente estava com alta convicção de que o Banco Central ficaria parado, mantendo a Selic em 13,75%, mas a surpresa da inflação nos EUA e a necessidade de mais altas lá fora, pressiona os emergentes a ter que subir um pouco mais os juros, o que mexe com as projeções por aqui. Isto porque este cenário aprecia o dólar e deprecia as outras moedas. Quanto mais alto o dólar e mais fraco o real, pior para a inflação”, explica.
Para a decisão da próxima quarta (21), no entanto, a asset ainda mantém o call de Selic a 13,75%, com estabilidade da taxa e discurso duro por parte do Copom, eliminando a chance de um corte de juros no curto prazo e sinalizando que o comitê segue vigilante com a inflação.
Ou seja: encerra-se o ciclo de alta da Selic, mas com forte discurso de combate à alta de preços.
O que é a Super Quarta?
Por diversas vezes, a data de decisão de juros no Brasil e nos EUA coincidiu, o que fez surgir a expressão Super Quarta.
No Brasil, quem define juros é o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.
Nos EUA, a função é do Fomc, do Federal Reserve, banco central americano.
Como são as reuniões de Copom e Fomc?
As reuniões dos dois bancos centrais acontecem ao longo de dois dias (desta vez, em 20 e 21 de setembro). No entanto, nos EUA, a decisão é divulgada às 15h, enquanto no Brasil, ela sai após as 18h.
Depois de anunciada a decisão, o mercado ainda vive a expectativa pela ata das reuniões.
No caso do Brasil, ela será divulgada na terça-feira seguinte à reunião, ou seja, dia 27, às 8h. Os agentes do mercado sempre acompanham com atenção o documento, na expectativa de detectar alguma pista sobre os passos seguintes do comitê.
No caso, o que se buscará serão pistas sobre quando a taxa de juros deve começar a cair no Brasil – para a EQI Asset, este movimento ainda está distante e só deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2023.
Já os EUA demoram duas semanas para liberar sua ata e a expectativa por lá ainda é de mais altas de juros – o teto, acredita a EQI Asset, será 4,5% ao ano.
Como a taxa de juros afeta os seus investimentos?

A taxa básica de juros é o principal instrumento de política monetária utilizado pelos bancos centrais para controlar a inflação.
Quando o banco central reduz a taxa de juros, a tendência é que o crédito fique mais barato. O que incentiva a produção e o consumo, mas reduz o controle da inflação.
Em sentido contrário, quando aumenta a taxa básica de juros, seu objetivo é conter a demanda aquecida. Isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Para o investidor, a taxa de juros deve ser um norte para montar uma boa carteira de investimento. Com a taxa de juros baixa, os rendimentos da renda fixa deixam de ser tão atrativos e dão espaço para a renda variável.
Neste contexto, o mercado de ações ganha destaque, assim como os fundos imobiliários (FIIs).
Em sentido contrário, quando a Selic sobe, a renda fixa volta a ficar mais atraente.
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