Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram nesta quinta-feira (21) um acordo comercial estruturado que promete redefinir as relações econômicas entre os país e o bloco econômico, após meses de negociações intensas. O pacto estabelece uma tarifa de 15% sobre a maioria das importações da UE para os EUA – incluindo automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira – e prevê compromissos bilionários de compras e investimentos europeus em setores estratégicos norte-americanos.
O anúncio oficial foi acompanhado de uma declaração conjunta de três páginas e meia, assinada pelo presidente norte-americano Donald Trump e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que celebraram o que chamaram de uma “conquista histórica”.
Acordo EUA e UE: Principais pontos
- Tarifas: Washington aplicará uma tarifa geral de 15% sobre bens industriais europeus, substituindo ameaças de taxas superiores, que chegaram a ser cogitadas em até 100% para semicondutores.
- Automóveis: A tarifa de 27,5% em vigor hoje será reduzida para 15% assim que a UE apresentar legislação eliminando tarifas sobre produtos industriais dos EUA.
- Energia: A União Europeia reiterou o compromisso de adquirir US$ 750 bilhões em gás natural liquefeito (GNL), petróleo e produtos de energia nuclear dos EUA até 2028.
- Tecnologia: Bruxelas também prometeu investir US$ 40 bilhões adicionais em chips de inteligência artificial e canalizar US$ 600 bilhões em setores estratégicos nos EUA ao longo dos próximos anos.
- Produtos agrícolas e marítimos: A UE abrirá espaço preferencial para frutos do mar e produtos agrícolas norte-americanos.
- Farmacêuticos: Tarifas sobre medicamentos europeus serão limitadas a 15%, com regras específicas para produtos genéricos.
- Defesa: O bloco europeu deverá aumentar a compra de equipamentos militares dos EUA.
Reações políticas e empresariais
O comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, afirmou que este é “o acordo mais favorável que os EUA estenderam a qualquer parceiro comercial”, mas destacou que o entendimento “é apenas o começo” de um processo que pode se expandir para outras áreas.
Do lado norte-americano, autoridades do governo celebraram a rapidez com que o acordo pode gerar alívio tarifário para as montadoras europeias, possivelmente já nas próximas semanas. Ainda assim, líderes da indústria automotiva na Alemanha alertaram que mesmo uma tarifa de 15% representará custos de bilhões de dólares anuais para o setor.
Questões em aberto
Apesar da abrangência, o pacto deixou de fora pontos sensíveis como as regras de serviços digitais, setor de bebidas alcoólicas e vinhos, que continuam sob disputa. Também persistem dúvidas sobre a viabilidade dos compromissos de compras de energia e investimentos anunciados por Bruxelas.
Contexto geopolítico
O anúncio acontece em meio às negociações mais amplas envolvendo EUA e UE sobre a guerra na Ucrânia e pressões para reforçar cadeias de suprimentos estratégicas diante da competição global com a China.
Trump classificou o acordo como “o maior já firmado pelos Estados Unidos”, enquanto Von der Leyen enfatizou que a parceria fortalece não apenas os laços comerciais, mas também políticos e estratégicos entre os dois blocos.
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