A EQI Asset revisou para cima sua projeção para a taxa de juros dos EUA ao fim de 2024 e a extensão por mais tempo do aperto monetário imposto pelo Fed, o banco central norte-americano. A ideia é que a taxa esteja no intervalo entre 4,75% e 5% no fim do ano que vem, ante 4,5% para a projeção da taxa máxima feita anteriormente.
A taxa hoje está no intervalo 5,25-5,5% ao ano. O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, estima que haja mais um aumento de 25 pontos-base, para 5,75% na taxa máxima, em uma das duas reuniões que ainda serão realizadas neste ano pelo Fomc, o comitê de política monetária do Fed, em 1º de novembro e 13 de dezembro.
“Em 2024, o comitê iniciaria um processo de redução a partir de junho, com três cortes em 0,25 pontos, chegando ao fim do ano com a taxa máxima de 5%. Antes, nossa projeção era de estabilidade até o fim deste ano, e de quatro cortes de 0,25 p.p., a partir de março ou abril, fechando o ano em 4,5% na taxa máxima. Ou seja, projetamos um aumento de meio ponto em relação a nossa estimativa anterior”, explica o analista.
As causas para essa postura, segundo Kautz, estão na preocupação do Fed, sinalizada pelas falas do presidente Jerome Powell, com a persistência da atividade econômica a despeito do arrocho monetário iniciado no ano passado. Nesta quinta-feira (28), os EUA reportaram um aumento do PIB em 2,1% no segundo trimestre deste ano, na leitura final da estatística.
“O discurso segue bastante duro em relação à preocupação com a inflação e com o fato de que a economia continua crescendo. O Fed observa esses dados de desaceleração da inflação, mas para ter convicção de que a taxa chegue à meta de 2%, no índice anualizado, é preciso que a economia desacelere de maneira mais clara e mais intensa”, aponta Stephan Kautz.
Os dados de inflação nos EUA vêm se mostrando positivos: o CPI de agosto ficou em 0,6% e o acumulado em 12 meses é de 3,7%, com núcleo de 0,3% na taxa mensal e 4,3% no índice anualizado, desconsiderados preços mais sazonais como alimentação e combustíveis.
Já o PCE, índice preferido do Fed para as análises, teve seu último índice anunciado, de julho, de 0,2% no mês e de 3,3% no acumulado dos últimos 12 meses; os núcleos são de 0,2% e 4,2%, respectivamente. A taxa de agosto deve sair nesta sexta-feira (29).
Mesmo assim, Stephan Kautz considera que os resultados persistentes da atividade econômica mantêm o Fed sob cautela. Ele lembra que, mesmo com o temor de recessão registrado por vários agentes econômicos, a tendência é que o PIB dos EUA cresça de 2,5% a 3% no terceiro trimestre, ou seja, num ritmo maior que o número anterior.
“Por mais que a inflação continue sendo boa notícia, enquanto a atividade continuar sendo forte o Fed vai aproveitar essa dinâmica para manter os juros mais elevados por um período mais longo, para garantir que a inflação convirja para um patamar mais baixo e próximo da meta”, explica o economista-chefe da EQI Asset.
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