O dólar atingiu nesta semana o menor patamar em 14 meses, cotado a R$ 5,39, após encerrar as negociações da última terça-feira (12) em queda. No acumulado de 2025, a moeda já recua mais de 13% frente ao real, revertendo parte do avanço de mais de 27% registrado no ano passado. Esse movimento chamou atenção do mercado, que tenta entender por que o dólar caiu tanto em tão pouco tempo.
Segundo Alexandre Viotto, diretor comercial de Banking e Empresas da EQI Investimentos, a principal explicação está no cenário externo. “O mercado acredita que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, vai reduzir a taxa de juros já na próxima reunião, em setembro. As apostas de corte superam 90%, segundo índices como os da Bloomberg”, explica.
Quando os juros americanos caem, o dólar tende a se enfraquecer frente a outras moedas, inclusive o real, porque os investidores buscam retornos maiores em outros países. Esse movimento é global e já pode ser observado na curva de juros das Treasuries americanas.
O diretor lembra que o cenário atual é diferente de momentos anteriores, como no início do governo Trump, quando o dólar atingiu picos históricos. Naquela época, o medo de inflação e o aumento das tarifas elevou a moeda americana, mas, na prática, essas tarifas foram negociadas e o impacto inflacionário acabou sendo menor do que se esperava.
Dólar em queda: deve continuar assim?
No Brasil, o mercado futuro de câmbio mostra que grandes investidores estão apostando na valorização do real, com posições vendidas em dólar crescendo em relação ao início do ano. Isso também está ligado às expectativas políticas: projeções para as eleições de 2026 indicam possibilidade de troca de governo, o que normalmente reforça a confiança no real.
Por outro lado, investidores menores, como pessoas físicas, têm reagido de forma diferente. Muitos têm aproveitado a queda do dólar para enviar recursos para o exterior, movimentando grandes volumes individuais de capital.
Apesar dessa saída de recursos por parte de pequenos investidores, Alexandre Viotto acredita que a tendência de queda do dólar deve continuar nas próximas semanas, especialmente se o Fed confirmar o corte de juros em setembro. “O cenário externo é o principal fator, mas o contexto político e as posições no mercado futuro também influenciam o movimento”, conclui.