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“Democracia sempre”: Lula e mais quatro presidentes assinam manifesto

“Democracia sempre”: Lula e mais quatro presidentes assinam manifesto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros quatro líderes progressistas da América Latina e da Europa assinaram um manifesto conjunto intitulado “Democracia Sempre”, publicado neste domingo (20). O texto é um apelo contundente em defesa da democracia diante do avanço de discursos autoritários, da erosão das instituições e do desencanto crescente da população com os regimes democráticos.

O manifesto é assinado também por Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Yamandú Orsi (Uruguai) e Gustavo Petro (Colômbia). Juntos, eles afirmam que “não cabe o imobilismo nem o medo” diante dos desafios atuais, e reforçam que a melhor resposta à crise democrática é mais democracia, democracia sempre

O manifesto e seus alertas

O documento destaca uma série de ameaças contemporâneas: desinformação, discursos de ódio, retrocessos em direitos fundamentais e o fortalecimento de redes criminosas. Para os líderes, esses fatores alimentam um “mal-estar profundo” nas sociedades, tornando urgente uma reação institucional e coletiva.

A mensagem foca que é preciso fortalecer as democracias, modernizá-las e torná-las mais eficazes. Isso passa por políticas públicas que combatam a desigualdade, valorizem os direitos humanos e estimulem a participação cidadã.

Multilateralismo e ação conjunta

O texto também propõe um novo modelo de governança que inclua não apenas os governos, mas também a sociedade civil, centros de pesquisa e juventudes. O objetivo é ampliar a coesão social e reconstruir a confiança nas instituições democráticas.

Entre os compromissos assumidos está o impulso ao multilateralismo, ao desenvolvimento sustentável e à justiça social, pilares considerados indispensáveis para garantir a paz e a estabilidade nas próximas décadas.

Evento no Chile reforça mobilização

Nesta segunda-feira (21), os cinco chefes de Estado participam, em Santiago, no Chile, de um evento de alto nível com foco na defesa da democracia. A iniciativa, que se conecta a discussões realizadas durante a Assembleia Geral da ONU em 2024, busca fortalecer a democracia como um bem comum e orientar ações concretas contra o autoritarismo.

Lula embarcou rumo ao Chile no domingo à tarde, acompanhado de sua equipe diplomática. O encontro será uma oportunidade de consolidar a aliança entre os países signatários e articular uma resposta coordenada aos desafios globais.

Mais do que resistência: avanço democrático

O manifesto finaliza com um chamado à ação: não basta proteger a democracia; é preciso aprimorá-la. Para os líderes, o momento exige coragem para propor reformas estruturais, condenar retrocessos e investir na construção de um futuro mais justo.

Confira o manifesto “Democracia sempre” na íntegra:

DEMOCRACIA SEMPRE

“Em diferentes partes do mundo, a democracia enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.

“Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.

“Esse é o princípio que convoca os governos do Chile, Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, a ser realizada em Santiago no próximo dia 21 de julho.

“Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante. Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum.

“Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora.

“Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada.

“Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo”.

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil

Gabriel Boric Font
Presidente da República do Chile

Pedro Sánchez Pérez-Castejón
Presidente do Governo da Espanha

Yamandú Orsi Martínez
Presidente da República Oriental do Uruguai

Gustavo Petro Urrego
Presidente da República da Colômbia