A rotatividade nos altos cargos das empresas brasileiras atingiu um marco significativo em 2024: 35% das maiores companhias do país substituíram seu CEO, segundo levantamento das 20 principais empresas do Ibovespa. Entre as trocas mais notáveis, destacam-se Vale (VALE3), Petrobras (PETR3; PETR4), Suzano (SUZB3), WEG (WEGE3) e Sabesp (SBSP3). Além disso, Ambev (ABEV3) e RD Saúde (RADL3) já anunciaram mudanças para o início de 2025.
O mercado de executivos no Brasil está cada vez mais dinâmico, com demandas por líderes capazes de lidar com novos desafios, como transformação digital, sustentabilidade e estratégias de turnaround. “Quem não se adapta rapidamente ao novo ambiente tecnológico está sendo substituído”, afirma Ana Carla Guimarães, diretora da Robert Half.
A rotatividade tem causas variadas, desde mudanças estratégicas em empresas privadas até reestruturações em estatais, como Petrobras e Banco do Brasil (BBAS3), influenciadas por fatores políticos. No entanto, especialistas destacam que a busca por CEOs disruptivos, em vez de perfis clássicos, está se tornando uma tendência.
O papel dos headhunters na busca por líderes
Consultorias especializadas, como Flow Executive Finders, têm um papel crucial ao recrutar executivos alinhados às estratégias das empresas. Luiz Gustavo Mariano, sócio da Flow, ressalta que muitas vezes o método tradicional prioriza o “nome” do profissional, mas é fundamental focar nas competências específicas para atender às necessidades corporativas.
Desde 2018, 62% dos C-levels recrutados pela Flow permanecem em seus cargos, com uma média de quase cinco anos de permanência, segundo estudo da FEA-USP. Além da seleção criteriosa, novas funções estão surgindo no C-level, como Chief Sustainability Officer (CSO), refletindo a crescente importância da sustentabilidade nas empresas.
Novas demandas no mercado executivo
Além das funções tradicionais como CEO, CFO e CTO, cargos voltados à proteção de dados e sustentabilidade têm ganhado destaque. Também cresce a demanda por CEOs e CFOs temporários, especialmente em empresas geridas por private equity, que requerem liderança ágil e adaptável.
Esse cenário de “dança das cadeiras” reforça a necessidade de estratégias robustas para garantir a escolha de líderes capazes de impulsionar as empresas brasileiras diante de um mercado cada vez mais competitivo.
Altos índices de troca de CEOs nos EUA destacam tendências globais
A dinâmica de trocas de CEOs em empresas brasileiras reflete uma tendência global. Nos Estados Unidos, em 2024 o país registrou o maior número de substituições de CEOs na história, com 1.991 movimentações até novembro, superando o recorde anterior de 1.914 em 2023, segundo relatório da Challenger, Gray & Christmas.
Um dado interessante é o aumento de líderes interinos: 13% dos novos CEOs nos EUA foram nomeados para cargos temporários, em comparação com 7% em 2023. Isso reflete a incerteza no mercado e a busca por mais flexibilidade na escolha de líderes.
No setor de tecnologia, por exemplo, 208 mudanças de CEOs foram registradas em 2024, um salto em relação às 153 no ano anterior. Outros setores também se destacaram, como entretenimento/lazer, com 139 trocas, e saúde, com 230 mudanças no mesmo período.
A presença feminina também é relevante. Embora o número de mulheres nomeadas como CEOs tenha caído ligeiramente para 27,7% em 2024, elas são mais propensas a ocupar cargos interinos, com 15% das mulheres líderes exercendo funções temporárias, comparado a 12% de seus pares masculinos.
Esses números reforçam a importância de estratégias eficientes de recrutamento e retenção, não apenas para empresas brasileiras, mas em um contexto global, com foco em alinhar os perfis dos executivos às demandas específicas de suas organizações.
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