Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Cúpula dos Brics pode discutir uso de moeda comum pelo bloco

Cúpula dos Brics pode discutir uso de moeda comum pelo bloco

A Cúpula dos Brics, que será realizada nesta semana em Joanesburgo, na África do Sul, deve ter entre seus temas principais a discussão sobre uma moeda comum a ser utilizada pelo bloco econômico, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O principal objetivo de uma moeda comum dos Brics seria reduzir a dependência do dólar no comércio exterior.

O Brasil já vem realizando com a China trocas nas próprias moedas, com conversão direta entre o yuan e o real. Um debate similar vem sendo realizado no Mercosul, bloco econômico de países sul-americanos.

“É provável que haja algum resultado nessa área”, disse o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Paes Saboia. Segundo ele, este é um ativo muito importante do bloco. Em maio, na reunião do G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, Lula já havia dito sonhar com “a construção de várias moedas entre outros países que façam comércio, e que os Brics tenham uma moeda como o euro”.

A ideia, contudo, não é que a moeda comum substitua as unidades monetárias de cada país, como fez o Euro na época de sua implantação, mas que seja utilizada apenas nas negociações entre os países, como uma referência, sem a necessidade de uso do dólar.

Analistas apontam que o momento é bom para a discussão de alternativas, diante de um cenário em que os EUA passam por um aperto monetário na tentativa de controlar a inflação, mas têm dificuldade em reduzir seu déficit fiscal.

Publicidade
Publicidade

Uma possibilidade seria por meio da criação de uma moeda digital, nos moldes do Drex, a versão digital do real que está sendo elaborada pelo Banco Central, só que sob a emissão e alçada do Banco dos Brics, oficialmente chamado de Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que tem como dirigente principal a ex-presidente Dilma Rousseff. Para isso, porém, especialistas alertam que seria importante uniformizar as políticas econômicas dentro do bloco.

Cúpula dos Brics: números e alcance do bloco

Os Brics se reuniram formalmente como um bloco econômico em 2009, com a adesão dos sul-africanos em 2010. O objetivo do grupo, que reúne cerca de 26% do Produto Interno Bruto (PIB) global, é negociar alianças estratégicas para otimizar o crescimento econômico, embora não exista um tratado assinado de relações comerciais com previsão de queda de tarifas alfandegárias.   

Dos países do bloco, estarão presentes os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Xi Jinping (China), além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará de forma remota. Esta será a primeira Cúpula dos Brics realizada de forma presencial após a pandemia de covid-19.

O Ministério das Relações Exteriores projeta a participação de 40 chefes de Estado ou de Governo dos continentes africanos e asiático, além de América Latina e Oriente Médio. A pasta estima que 22 países em desenvolvimento já manifestaram formalmente interesse em integrar o Brics. 

A definição de critérios e princípios para a entrada de novos integrantes no bloco deve ser um dos assuntos a serem debatidos durante a reunião de cúpula.

Confira abaixo dados econômicos mais recentes dos países dos Brics, de acordo cm o Investing:

Brasil  

  • PIB – crescimento anual: +4% (1TRI23)  
  • PIB – crescimento trimestral: +1,9% (1TRI23)  
  • Inflação ao consumidor (IPCA): +0,12% (mensal); +3,99% (acumulado 12 meses)  
  • Inflação ao produtor: -2,72% (mensal)  
  • Taxa de juros: 13,25%  
  • Taxa de desemprego: 8% (2TRI23)  

Rússia  

  • PIB – crescimento anual: +4,9% (2TRI23)  
  • Inflação ao consumidor: +0,6% (mensal); +4,3% (acumulado 12 meses)  
  • Inflação ao produtor: +1,44% (mensal); +4,1% (anual)  
  • Taxa de juros: 12%  
  • Taxa de desemprego: 3,1% (jun)  

Índia  

  • PIB – crescimento anual: +6,1% (4TRI23 – ano fiscal)  
  • Inflação ao consumidor: +7,44% (acumulado 12 meses)  
  • Inflação ao produtor: -1,36% (anual)  
  • Taxa de juros: 6,5%  

China  

  • PIB – crescimento anual: +6,3% (2TRI23)  
  • PIB – crescimento trimestral: +0,8% (2TRI23)  
  • Inflação ao consumidor: +0,2% (mensal); -0,3% (acumulado 12 meses)  
  • Inflação ao produtor: -4,4% (anual)  
  • Taxa de juros: 4,35%  
  • Taxa de desemprego: 5,3% (julho)  

África do Sul  

  • PIB – crescimento anual: +0,2 (1TRI23)  
  • PIB – crescimento trimestral: +0,4% (1TRI23)  
  • Inflação ao consumidor: +0,2% (mensal); +5,4% (anual)   
  • Inflação ao produtor: -0,3% (mensal); +4,8% (anual)   
  • Taxa de juros: 8,25%  
  • Taxa de desemprego: 32,6% (2TRI23)

Cúpula dos Brics: outros temas em pauta

Uma questão a ser discutida pelo grupo será a guerra entre Rússia e Ucrânia, ainda que, de acordo com diplomatas do Itamaraty, somente durante o chamado “retiro”, quando os chefes de Estado e de governo do Brics se encontrarão de forma fechada. “Certamente o tema será discutido de forma mais aprofundada”, afirmou Eduardo Paes Saboia.à Agência Brasil.

A iniciativa privada também estará presente no evento. Cerca de 30 industriais brasileiros viajaram para participar de reuniões com empresários de outros países. Embora a China já seja hoje o maior parceiro comercial do Brasil, o foco está em ampliar os negócios e aproveitar oportunidades oferecidas pelos outros três países, principalmente, pela Índia.

“A Índia deverá apresentar um desenvolvimento e crescimento econômico bastante vigoroso nos próximos anos. Seria muito interessante que pudéssemos compartilhar desse crescimento e tivéssemos uma maior amplitude não só comercial como também de investimentos mútuos. Já temos muitas indústrias que estão localizadas dentro da Índia e, certamente, com esse novo nível de crescimento econômico deverão surgir muitas oportunidades”, afirmou o presidente eleito da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, à Agência Brasil.

Segundo ele, também há bom potencial a ser explorado também na Rússia e na África do Sul, ainda mais num momento de negociação para a uma moeda comum dos Brics. “Com a Rússia, a gente tem muita sinergia quando a gente fala do agronegócio, na área de fertilizantes. Precisaríamos interagir um pouco mais para desenvolver novas tecnologias nessa área. Em relação à África do Sul, existe uma longa estrada para o desenvolvimento econômico. É uma porta de entrada, que servirá de base para esse novo momento, que falamos no Brasil, da indústria do amanhã”.

Alban acredita que o Brasil precisa estar à frente na agenda da chamada “economia verde”. “Temos que aproveitar essa nova demanda do mundo, que vai cobrar produtos manufaturados de origem sustentável. Podemos nos transformar num país de exportação de commodities de energia sustentável. Precisamos fazer a nossa descarbonização e sustentabilidade para nossas indústrias para, aí sim, sair na frente na colocação de produtos manufaturados efetivamente verdes”, concluiu o executivo.