O Índice de Preços ao Consumidor (CPI), inflação ao consumidor norte-americano, recuou 0,1% em março, dentro do esperado, de acordo com dados ajustados sazonalmente divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Departamento do Trabalho dos EUA.
O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis, subiu 0,1%, ante expectativa de alta de 0,3%. Na base anual, o CPI subiu 2,4%, ante projeção de 2,6%; e o núcleo, 2,8%, de +3% projetados.
O resultado de março ficou abaixo das projeções da maioria dos especialistas. De acordo com o Wall Street Journal, o mercado esperava um crescimento de 0,1% no mês e uma inflação anual de 2,6%.
O indicador aponta para um arrefecimento da inflação, ao mesmo tempo em que o presidente Donald Trump continua ampliando a aplicação de tarifas comerciais a diversas nações, o que pode gerar efeito inflacionário.
Núcleo do CPI
O núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI), que desconsidera os itens de alimentação e energia devido à sua maior volatilidade, registrou uma alta de 0,1% no mês e acumulou um aumento de 2,8% em 12 meses.
A categoria energia teve queda de 2,4% no mês, com destaque para a gasolina, que baixou 6,3%. A baixa do preço do combustível compensou a alta mensal de itens como eletricidade (0,9%) e gás encanado (3,6%). Na comparação anual, a gasolina baixou 9,8%.
Por outro lado, os preços dos alimentos registraram alta de 0,4% no mês. O custo da alimentação em casa subiu 0,5%, enquanto as refeições fora de casa aumentaram 0,4%.
Os preços dos automóveis, um dos setores mais impactados pelas tarifas de importação impostas por Trump, permaneceram estáveis no mês, sem variação. Os valores dos carros novos não apresentaram alteração, enquanto os veículos usados tiveram um aumento de 0,6%.
O presidente impôs uma tarifa de 25% sobre a importação de veículos, em vigor desde março. No entanto, a medida exclui México e Canadá, que estão entre os principais exportadores de automóveis para os Estados Unidos.
Por que o CPI é importante?
O índice de inflação funciona como um dos indicadores dos impactos das medidas econômicas adotadas por Donald Trump. As ações do presidente republicano — como a elevação das tarifas de importação para diversos países — podem pressionar a inflação nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, elevar o risco de uma possível recessão.
A meta do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, é reduzir a inflação para 2%. Porém, essa meta leva em consideração outro índice: o PCE, que mede os gastos com consumo pessoal. Em fevereiro, último dado divulgado, o PCE registrou uma alta anual de 2,5%. Os números de março devem ser divulgados em 30 de abril.
Stephan, economista-chefe da EQI Asset, comentou sobre o CPI nos Estados Unidos, destacando que a inflação teve uma deflação de 0,10% no mês, com o núcleo da inflação, que estava projetado para subir 0,30%, avançando apenas 0,10%. Ele apontou que a queda foi notável em itens como serviços de transporte e hospedagem, com o setor de serviços apresentando uma boa composição. “Em geral, foi um belo resultado no CPI”, afirmou.
Ele também observou uma desaceleração no comparativo anual, com a inflação de 2,4% para o headline e 2,8% para o core, ambos abaixo de 3%. Stephan explicou que, embora a inflação tenha mostrado bons números, a “perspectiva é de que ela volte a reacelerar”, especialmente devido ao impacto das tarifas a partir de abril e maio. “Os efeitos das tarifas ainda vão aparecer mais tarde”, disse ele.
Em relação aos bens duráveis, como laptops, celulares e televisores, ele destacou que a expectativa é de aumento de preços nos próximos meses. “A inflação é boa agora, mas os desafios permanecem”, concluiu Stephan, enfatizando que a incerteza sobre as tarifas, que foram adiadas por 90 dias, está afetando decisões de investimento e aumento de capacidade produtiva. Ele alertou que, enquanto a inflação deve ser mais alta, o crescimento será mais baixo devido a essas incertezas.
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