A decisão do Copom nesta quarta-feira (10) mantém a taxa Selic em 15% ao ano, conforme já vinha sendo sinalizado nos últimos comunicados do Banco Central. Em um ambiente de juros elevados e com maior volatilidade nos mercados domésticos, o investidor volta a se perguntar: quais são os melhores investimentos com a Selic parada nesse patamar?
Segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Investimentos, o ponto central desta reunião não é apenas a manutenção da taxa, mas o tom adotado pelo colegiado.
“Os indicadores já abrem espaço para cortes ao longo de 2026. A grande questão agora é saber quando eles começarão”, afirma.
Enquanto o ciclo de flexibilização não se inicia, especialistas avaliam que o momento ainda é favorável para aproveitar oportunidades de renda fixa e reforçar a proteção do portfólio.

Renda fixa: momento para travar taxas elevadas antes da virada do ciclo
Para Thiago Freire, analista do time de Produtos da EQI Investimentos, o cenário continua marcado por uma transição no ciclo monetário global.
“Esse ambiente abre espaço para que o Banco Central, no momento certo, inicie um ciclo de cortes”, explica.
Enquanto isso não ocorre, Freire destaca oportunidades claras em diferentes classes de renda fixa:
Prefixados
Ainda oferecem taxas elevadas, refletindo uma inflação esperada acima da média.
“É um bom momento para travar juros altos antes que a curva futura comece a ceder”, avalia Freire.
Títulos atrelados ao IPCA (IPCA+)
Combinam juros reais altos com proteção contra eventuais choques de preços.
“São vantajosos em um ambiente de transição e tendem a ganhar valor conforme a inflação cede.”
Pós-fixados (CDI)
Continuam sendo opção relevante para quem busca liquidez e previsibilidade, especialmente enquanto a Selic permanece elevada.
“Mesmo num cenário de queda gradual, o patamar segue elevado, garantindo bons retornos no curto prazo”, afirma Freire.
Contexto atual: volatilidade eleitoral aumenta o papel da proteção cambial
A atual disparada do dólar não se relaciona às tensões comerciais citadas por Freire, mas ao ambiente eleitoral doméstico, que passou a contaminar o mercado após a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro receber respaldo público do ex-presidente Jair Bolsonaro. A volatilidade deve se intensificar em 2026, o que reforça a busca do investidor por instrumentos de proteção.
Nesse cenário, a internacionalização passa a ganhar espaço como estratégia de diversificação e blindagem contra ruídos políticos internos.
Freire reforça o caráter estratégico dessa parcela dolarizada da carteira:
“Apesar das tensões comerciais, o dólar continua sendo sinônimo de qualidade e porta de entrada para investimentos globais.”
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Freire observa que a transição do ciclo de juros influencia naturalmente a percepção de risco dos ativos, ainda que a manutenção da Selic em 15% já esteja amplamente precificada.
A avaliação mais direta sobre renda variável vem de Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, que afirma que o movimento do mercado dependerá essencialmente do guidance do Copom:
“A renda variável não deve sofrer com a decisão do Copom em manter os juros a 15%, pois já está precificado. Contudo, a depender do guidance do comunicado, podemos ter efeitos positivos ou negativos. Caso o comunicado traga uma sinalização indicando o corte em janeiro, a renda variável se beneficiará pelas expectativas sendo antecipadas. Todavia, caso o comunicado seja mais hawk, as expectativas podem pesar negativamente.”





