A China anunciou nesta quarta-feira (16) uma mudança estratégica em sua equipe de comércio internacional ao nomear Li Chenggang como novo vice-ministro do Comércio e principal representante chinês nas negociações comerciais internacionais.
A substituição de Wang Shouwen por Li ocorre em um momento de forte tensão tarifária entre China e Estados Unidos, e sinaliza um possível reposicionamento do país nas tratativas comerciais globais.
Nova liderança em meio à escalada tarifária
Com 58 anos, Li Chenggang é veterano no Ministério do Comércio da China, onde atua desde 2010. Ele já representou o país na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em diversas outras instituições internacionais. Sua nomeação o coloca como figura central nas futuras negociações comerciais, principalmente com os Estados Unidos, com quem a China enfrenta um dos períodos mais tensos desde a guerra comercial iniciada em 2018.
A mudança foi recebida com surpresa por analistas. “Esta é certamente uma mudança muito abrupta e potencialmente perturbadora, dada a rapidez com que as tensões comerciais aumentaram”, avaliou Alfredo Montufar-Helu, do The Conference Board. Segundo ele, a decisão da liderança chinesa pode indicar uma tentativa de reabrir canais de diálogo ou alterar a abordagem atual frente às sanções americanas.
Histórico técnico e alinhamento com a política interna
Apesar do impacto da troca, especialistas apontam que Li tem o perfil ideal para o cargo. De acordo com Montufar-Helu, Li tem o ‘histórico certo para assumir esta nova função, dada sua vasta experiência em questões comerciais dentro do Ministério do Comércio’. A expectativa é de que, como seu antecessor, Li atue como coadjuvante do vice-primeiro-ministro He Lifeng, que lidera oficialmente as negociações com os EUA.
A nomeação de Li ocorre também em um contexto de reformulação interna no alto escalão de Pequim. Junto a ele, outros nomes foram designados para posições estratégicas, como Chen Xiaodong, que agora lidera a agência de assistência externa, e Wang Zhizhong, nomeado chefe da Administração Nacional de Imigração.
Conflito com os EUA: impasse continua
Desde o início do novo mandato de Donald Trump, os EUA impuseram tarifas acumuladas de 145% sobre produtos chineses, incluindo 20% atribuídos ao papel da China no comércio de fentanil. Em resposta, Pequim aplicou tarifas de até 125%, em uma escalada que preocupa economistas. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou: “A bola está com a China: a China precisa fazer um pacto conosco, nós não precisamos fazer um acordo com eles”.
Diante desse cenário, o papel de Li será crucial para evitar que o conflito comercial se agrave e para tentar construir uma nova base de entendimento entre as duas maiores economias do mundo.
Relações em transformação
Antes da troca de cargos, Wang Shouwen havia descrito as relações China-EUA como “mutuamente benéficas e de natureza vantajosa para todos”. Agora, caberá a Li manter essa visão ou redefinir a abordagem chinesa. No mês passado, Li participou de encontros com empresários, num esforço para demonstrar o apoio do governo às empresas privadas, após declarações de Xi Jinping nesse sentido.
A substituição no comando das negociações comerciais reflete tanto a complexidade atual das disputas com os EUA quanto os movimentos internos do governo chinês para reforçar sua posição no cenário global.
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