O café registrou uma sequência de fortes altas em seu preço desde o início do ano, ao saltar cerca de 35% apenas nos últimos quatro meses. Segundo dados da indústria, o valor do produto deve seguir essa tendência pelo menos até o primeiro semestre de 2025. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Em agosto, o quilo de café pago pelo consumidor alcançou um preço médio de R$ 39,63, ante R$ 29,18 em abril.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, espera que o preço do café suba de 10% a 15% nos próximos 40 ou 60 dias. No entanto, o aumento não foi repassado ao consumidor até então, muito porque supermercadistas buscam negociar com as marcas.
Por que o café está mais caro? Entenda
A alta nos preços do café pode ser explica, em partes, por questões climáticas. Isso porque cafeicultores de várias regiões produtoras do Brasil demonstram preocupação com uma estiagem prolongada e com o calor excessivo.
Com participação de 2/3 da produção total mundial, a variedade considerada mais sofisticada do café, a arábica, já acumula uma alta de 40% desde janeiro, no maior valor nos últimos 13 anos.
Os grãos tipo robusta, usados para fazer café instantâneo e expressos, estão sendo negociados com um prêmio em relação à variedade arábica, que tende a ser mais cara.
Segundo o diretor-executivo da Abic, com as geadas em 2022, excesso e falta de chuvas em determinadas áreas em 2023, somadas às queimadas de 2024, o preço do café acaba sendo influenciado diante de uma insegurança maior do mercado.
Os temores devem diminuir no caso de um período longo de chuvas regulares, que possibilitaria uma safra grande o suficiente para abastecer o consumo interno e atender as demandas de exportação. Caso contrário, deve haver um arrefecimento da produção e, consequentemente, um período mais prolongado de preços voláteis.
Além do clima no Brasil, o Vietnã, o segundo maior produtor de café global, também enfrenta problemas na produção. Com isso, há queda na oferta global e maior pressão sobre os preços no mercado internacional.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos aponta que o preço do café em agosto subiu em todas as 17 capitais em que a pesquisa é realizada. Em Goiânia, por exemplo, a alta de julho para agosto foi de 13,75%.