Duas figuras importantes do Banco Central Europeu (BCE) apoiaram nesta segunda-feira (27) a possibilidade de um corte de juros na próxima semana, sugerindo que essa decisão está praticamente acertada.
Em discurso, Olli Rehn, membro do conselho do BCE e presidente do banco central da Finlândia, destacou que a inflação na zona do euro está diminuindo de “forma sustentada”.
Em abril, a inflação na zona do euro permaneceu estável em 2,4%, marcando o sétimo mês consecutivo abaixo dos 3%, apesar de uma leve recuperação em dezembro. Os números de maio devem ser divulgados na sexta-feira (31).
“Graças a esse processo desinflacionário, a inflação está convergindo para nossa meta de 2% de forma sustentada e, portanto, o momento é propício em junho para aliviar a política monetária e iniciar cortes nos juros”, disse Rehn em discurso publicado no site do banco central finlandês.
“Isso, obviamente, pressupõe que a tendência de desinflação continue e que não haja mais retrocessos na situação geopolítica e nos preços da energia.”
Paralelamente, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, afirmou em entrevista ao Financial Times que “Salvo grandes surpresas, no momento há elementos suficientes para remover o nível máximo de restrição”.
Banco Central Europeu: expectativa de corte de 25 pontos-base dia 6
Os comentários antecedem a próxima reunião do banco central, marcada para 6 de junho. Os mercados agora indicam uma alta probabilidade de um corte de um quarto de ponto percentual na taxa básica do BCE, atualmente em 4%.
BCE e Fed em momentos diferentes
As declarações de Rehn e Lane seguem uma série de opiniões semelhantes de outros membros do BCE, indicando que o banco central europeu provavelmente agirá antes do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que geralmente lidera as decisões de política monetária.
“O Fed e o BCE parecem prontos para se desacoplar, com um corte do BCE provável em junho, enquanto os EUA se preparam para manter altas por mais tempo”, disseram economistas do Bank of America em nota na sexta-feira.
Nos EUA, o debate sobre quando o Fed começará a reduzir os juros é frequente. Na semana passada, uma série de fortes divulgações de dados econômicos e trabalhistas levou o Goldman Sachs a adiar sua previsão de corte pelo Fed de julho para setembro.
Enquanto isso, a ata da reunião de política monetária do Fed de 30 de abril a 1º de maio revelou incerteza entre as autoridades sobre o momento ideal para relaxar a política.
O Bank of America afirmou que a recente posição do Fed e a ata indicam que cortes de juros nos EUA estão fora de questão por enquanto. “Acreditamos que os ciclos de corte de juros do Banco Central Europeu e do Fed serão muito diferentes”, concluiu.
