O Banco Central completou 60 anos de sua fundação nesta quarta-feira (2) e o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, disse que suas principais prioridades para este ano a modernização do Pix, com a incorporação de novas funcionalidades e o aprimoramento das modalidades já existentes.
Galípolo disse ainda, durante evento de comemoração dos 60 anos do BC, que a autoridade monetária pretende lançar um sistema que permitirá o uso do Pix como garantia para empréstimos.
O Pix Garantido, modalidade que está em desenvolvimento desde o ano passado, permitirá que empresas utilizem os recebimentos futuros via Pix como garantia para obtenção de crédito em condições mais vantajosas.
Outra inovação destacada por Galípolo é a evolução do Pix por aproximação, cuja implementação se tornou obrigatória em fevereiro. Além disso, o BC prevê o lançamento do Pix parcelado em setembro deste ano.
Durante o evento, Galípolo reforçou o compromisso do BC em continuar investindo na segurança do Pix. “Pretendemos evoluir no processo de segurança do Pix, rastreando recursos em função de golpes”, afirmou.
Haddad defende autonomia do Banco Central
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, presente ao evento comemorativo defendeu a importância do fortalecimento institucional do país e da coordenação entre os órgãos de Estado para garantir a continuidade do projeto nacional e a estabilidade econômica, bem como o respeito à autonomia da instituição.
O ministro da Fazenda também reforçou o compromisso do governo de respeitar a autonomia do Banco Central, ao mesmo tempo em que contribuirá com informações e sugestões para aprimorar sua atuação.
O ministro lembrou a condução do BC ao longo das últimas seis décadas, mencionando momentos “disruptivos e celebrativos”, como a implementação do Plano Real. “Tem vários bons momentos, vários momentos muito difíceis, mas a instituição soube viver os momentos difíceis também e superar as dificuldades”, lembrou.
Entre a necessidade de aperfeiçoamento, o ministro citou propostas para redesenhar instituições como a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Monetário Nacional (CMN), para torná-las ainda mais eficazes e mais efetivas na vida nacional.
Banco Central tem lançamento de selo
Para marcar a data, foi lançado pelos Correios um selo comemorativo, durante evento realizado na sede do BC, em Brasília (DF). Conduzida pela diretora dos Correios, Loiane de Carvalho Bezerra de Macedo, a obliteração do selo foi realizada pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo; e pelo servidor de carreira, Eugenio Ribeiro. Ambos receberam um álbum com a peça lançada.
A arte da emissão foi criada pelo Banco Central, destacando o slogan “Parte da nossa história”, que celebra as conquistas e os desafios superados ao longo das seis décadas de sua existência, reconhecendo o papel fundamental que a instituição desempenha em momentos cruciais da história econômica do Brasil.
História do Banco Central
Desde sua criação em 31 de março de 1965, o Banco Central (BC) tornou-se um pilar da economia brasileira, responsável por controlar a inflação, regular o sistema financeiro e garantir a estabilidade monetária.
Na última segunda-feira (31), a instituição completou 60 anos em meio a debates sobre sua autonomia e um legado marcado por crises, reformas e conquistas.
A ideia de um órgão centralizador da política monetária no Brasil remonta ao período colonial. Em 1694, a Casa da Moeda foi criada para cunhar moedas, e em 1808, com a chegada da família real portuguesa, surgiu o Banco do Brasil (BBAS3) — que por décadas acumulou funções de banco comercial e autoridade monetária, emitindo moeda e gerenciando crédito.
A falta de um banco central dedicado, porém, gerou instabilidade. Em 1945, o governo Getúlio Vargas criou a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), precursora do BC, para combater a inflação e preparar o terreno para uma autoridade monetária independente.
Foi só em 1964, sob o regime militar, que o BC nasceu oficialmente pela Lei nº 4.595. Conforme a Folha de S.Paulo, o general Castello Branco sancionou a lei após intenso lobby de economistas como Denio Nogueira, que via na criação do BC uma forma de modernizar a economia.
A instituição herdou as atribuições da Sumoc e do Banco do Brasil, mas enfrentou resistências:
- Banco do Brasil temia perder influência;
- Bancos privados resistiam à regulação;
- Governos relutavam em abrir mão do financiamento direto via emissão de moeda.
Os principais marcos deste período são:
- 1965: BC inicia operações, herdando funções da Sumoc e do Banco do Brasil.
- 1967: Transferência da sede para Brasília, seguindo o projeto de interiorização do governo militar.
- 1970-1981: Construção do icônico edifício-sede, inspirado no “dobrão” (moeda imperial), projetado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto. A obra, complexa para a época, usou técnicas inovadoras de engenharia.
- 1985: Separação das contas do BC, Banco do Brasil e Tesouro Nacional, pondo fim à “conta movimento” que permitia empréstimos ilimitados ao governo.
Da hiperinflação ao real
Nas décadas seguintes, o BC enfrentou seu maior teste: controlar a hiperinflação, que chegou a 2.477% em 1993. A instituição foi protagonista em planos como o Cruzado (1986) e o Real (1994), que estabilizaram a moeda.
A Constituição de 1988 marcou avanços, como a exclusividade na emissão de moeda e a exigência de sabatina no Senado para presidentes do BC. Mas só em 1999 o país adotou o regime de metas de inflação, fortalecendo o papel técnico da instituição.
Estabilidade, crises e inovação
Em 2002, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva gerou uma crise de confiança nos mercados internacionais, com receio de mudanças radicais na política econômica. Para conter a fuga de capitais e estabilizar o real, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) a 26,5%, patamar histórico que ajudou a acalmar investidores, mas aprofundou o custo do crédito para empresas e famílias.
Quase uma década depois, em 2008, a crise financeira global, desencadeada pela quebra do banco Lehman Brothers nos EUA, atingiu em cheio o Brasil. O BC respondeu com medidas emergenciais, como a injeção de US$ 50 bilhões em liquidez no sistema financeiro e a redução dos depósitos compulsórios dos bancos, garantindo que instituições mantivessem empréstimos ativos e evitando um colapso econômico doméstico.
Entre 2016 e 2018, o país enfrentou uma recessão agravada por turbulências políticas, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os desdobramentos da Operação Lava Jato. Nesse cenário, o BC manteve a Selic em 14,25% para combater pressões inflacionárias, mesmo com o desemprego batendo recordes (13 milhões de pessoas) e críticas sobre o impacto social dos juros altos. Cada decisão refletiu o desafio de equilibrar estabilidade monetária e crescimento em meio a crises multifacetadas.
Em 2021, o BC conquistou autonomia operacional, aprovada pelo Congresso. A medida, defendida pelo ex-presidente Roberto Campos Neto, permite que a diretoria defina prazos para atingir metas de inflação sem interferência política.
Hoje, o BC gerencia ferramentas como: Taxa Selic, para controlar preços; Sistema Pix, que revolucionou pagamentos; Regulação do crédito, para evitar crises.
Marcos Históricos do BC:
- 1964: Criação do BC e do Conselho Monetário Nacional (CMN);
- 1988: Constituição veda empréstimos do BC ao Tesouro;
- 1994: Plano Real derruba hiperinflação;
- 1999: Adoção do câmbio flutuante e metas de inflação;
- 2020: Lançamento do Pix;
- 2021: Autonomia operacional aprovada.
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