Na última semana, já no “apagar das luzes” do mês de fevereiro, o governo federal decidiu retomar a cobrança de impostos sobre combustíveis.
Nesse primeiro momento essa cobrança não será nas alíquotas anteriores à desoneração, elas serão menores.
Com isso, foi anunciada uma medida de compensação, com o objetivo de repor o caixa do governo…
A taxação de exportações de petróleo cru, na alíquota de 9,2%.
Em outras palavras, o governo fará as empresas exportadoras de petróleo dividirem essa conta.
Motivo esse, que essa decisão pode acabar se tornando um tiro no pé do governo atual.
Além disso, no dia seguinte, Fernando Haddad, atual Ministro da Fazenda, anunciou que o governo irá promover aumento de impostos sobre os jogos eletrônicos.
Uma forma que o governo atual encontrou para compensar a correção (de parte) da Tabela de Imposto de Renda (IRPF).
Agora voltando um pouco no tempo…
Depois da PEC da Transição, em que o governo adquiriu um cheque de 200 bilhões para gastar.
Os juros futuros dispararam, o que de certa forma coloca uma “corda no pescoço” dos recém empossados.
Digo isso, não como uma forma de crítica, mas sim uma leitura dos fatos.
Analisando os dados podemos notar que:
Temos um aumento de gastos já anunciados, o que fez a projeção da dívida pública “explodir”.
Além disso, é possível ver que as expectativas inflacionárias decolaram, e o Banco Central se viu na obrigação de bloquear uma redução da taxa Selic.
Pelo menos por enquanto.
Somado a isso, o Ministro da Fazenda aumentou os impostos, em uma tentativa de recuperar parte da “responsabilidade fiscal”, que fora perdida durante esses 2 meses de governo.
Analisando mais a fundo essa questão do aumento dos impostos…
No curto prazo, pode trazer maior segurança para os investidores e para o mercado.
Porém, logo ali na frente, há um buraco, que de certa forma, estamos nos esforçando para cair.
Qual é o buraco?
A estagnação econômica, o baixo crescimento, a baixa produtividade… A armadilha da renda média e a estagflação.
Caro leitor, siga a minha linha de raciocínio agora…
Se aumentar os impostos (e, consequentemente, os gastos) fosse a solução para o Brasil.
Claramente já seríamos considerados “uma Suiça”.
Afinal, quantas vezes nas últimas décadas, você já ouviu que haveria um aumento de imposto em algum setor ou afim?
Entenda, isso não sou eu Denys, quem diz…
Você pode encontrar tudo o que leu aqui nos antigos manuais de macroeconomia, que os grandes economistas têm em sua cabeceira.
Agora me responda…
Você já ouviu falar da Curva de Laffer?
A Curva de Laffer é uma definição econômica que mostra quanto o governo arrecada em impostos (volume total) cobrando diferentes alíquotas de imposto.
O esperado é que ao aumentar as alíquotas (e ao criar impostos) a arrecadação supostamente deveria aumentar.
Se a carga tributária no Brasil é 40%, vamos arrecadar X.
Se passarmos para 50%, arrecadaremos X + 10%, certo?
Errado!
Quando uma economia está mais próxima da liberdade econômica, em que o Estado é diminuto, e as alíquotas de impostos são baixas (digamos de 5, 10%).
Com aumentos marginais da carga tributária o cidadão continuará trabalhando normalmente, pouco se importando com o pouco que pagam ao governo.
O fato de haver uma tributação (baixa) não o desmotiva a trabalhar.
No entanto, à medida que as alíquotas de impostos vão subindo, o cidadão passa a fazer cálculo:
- Será que continuo a trabalhar?
- A arriscar meu patrimônio ao empreender?
- Será que não é melhor eu ir para o lado que gasta, em vez do lado que produz?
Esse cálculo existe, consciente ou inconscientemente, na cabeça de cada pessoa.
E, à medida que o Estado se agiganta, e abocanha uma fatia maior da produção do cidadão, há um desincentivo ao trabalho e ao empreendedorismo.
A Curva de Laffer demonstra exatamente essa a situação…
De que um AUMENTO DE IMPOSTOS pode resultar em MENOR ARRECADAÇÃO, justamente, porque as pessoas passam a reduzir a produção.
Veja o gráfico abaixo, que exemplifica isso:
Curva de Laffer
No eixo horizontal temos as alíquotas de impostos, e no eixo vertical temos o volume arrecadado em impostos.
Observe que a arrecadação pode aumentar até um ponto ótimo (Tmax) com uma alíquota ótima (t*).
A partir desse ponto, aumentos de alíquota resultam em redução de arrecadação.
Agora a pergunta de R$ 1 milhão…
Qual é o ponto ótimo?
Vamos analisar os dados…
Segundo o IBGE, em 2020 a carga tributária no Brasil era de 32,2%.
Hoje, já deve passar de 35%.
Traduzindo…. Mais de 1 terço do suado trabalho do cidadão brasileiro, fica com o Estado.
Eu sei, responder qual é o ponto ótimo não é tarefa fácil, não existe fórmula que nos diga, tendo em vista as inúmeras situações que podem existir.
Por exemplo, depois de uma guerra, pode ser que a população se engaje e aceite pagar maiores impostos para a reconstrução do país.
E, em outras situações, como por exemplo, em um país que a corrupção corre solta, o cidadão pode se indignar em pagar nem que seja 1% a mais de imposto.
Da mesma forma que existem pessoas que não têm o que fazer, não têm recursos e precisam trabalhar, mesmo que os impostos aumentem.
Mas, existem pessoas que possuem alternativas, como é o caso dos investidores.
Se os impostos são baixos e a economia vai bem, o investimento em empreendimentos (empresas) pode gerar bons retornos e, com isso, grande parte da poupança é direcionada para a economia real.
Infelizmente, no Brasil, hoje, está acontecendo o contrário.
Com a carga tributária cada vez mais alta, estrangulando os negócios, com os juros nas alturas e com as perspectivas cada vez piores.
O investidor está investindo em títulos de renda fixa, está tirando os recursos da economia real e trazendo-os para a economia financeira.
E, querendo ou não, esse cenário acaba sendo bom para o investidor.
Retornos com juros altíssimos, e riscos mais baixos, se comparados aos negócios comuns da economia real.
Pode ser que esse não seja o país que você gostaria, Investidor Inteligente…
Mas a realidade é essa, e você precisa saber o que fazer para conseguir extrair o melhor dela.
E, por isso, nós precisamos aproveitar ao máximo esse juros altos, enquanto durarem.
Calma… Se você não sabe exatamente qual caminho deve seguir, quais passos você precisa dar para fazer isso acontecer.
Em mais uma live exclusiva do Investidor Inteligente, abordamos as intervenções na economia e suas consequências nos investimentos.
Para esta live, eu recebi um convidado muito especial, Ricardo Cará, gestor do EQI Macro, para conversamos sobres os principais temas que tem preocupado os investidores:
- Aumento de impostos e equilíbrio fiscal
- Política de preços da Petrobrás, como afeta o investidor?
- Reforma tributária
- Nova Âncora Fiscal
- Decisões de curto, médio e de longo prazo
Não deixe de ver:
Por Denys Wiese, estrategista da EQI