A ata do Fomc, que é o comitê de política monetária dos Estados Unidos, mostrou que membros do colegiado ainda veem com cautela o ritmo da inflação norte-americana e demonstraram preocupação com o fato de que, apesar de ter caído no ano passado, ainda continuava acima da meta perseguida pelo Federal Reserve (Fed), que é de 2%. Por isso, os membros apontam que é preciso ter dados mais concretos em mãos para ver que os dados inflacionários estão realmente em uma trajetória sustentada de queda.
“A maioria dos participantes observou os riscos de agir muito rápido para aliviar a postura da política monetária e enfatizou a importância de avaliar cuidadosamente os dados recebidos para avaliar se a inflação está caindo de forma sustentável para 2%”, diz trecho da ata.
Com relação às perspectivas econômicas, os participantes consideraram que a atual orientação da política monetária estava restritiva e continuaria a exercer pressão descendente sobre a atividade econômica e a inflação. Assim, esperavam que a oferta e a procura nos mercados de produtos e de trabalho continuassem a evoluir para um melhor equilíbrio, segundo a ata.
Além disso, membros do Fomc continuaram preocupados com o fato de a inflação elevada continue a prejudicar as famílias, especialmente aquelas com meios limitados para absorver preços mais elevados.
“À luz da política de contenção em vigor, juntamente com dados de inflação mais favoráveis em meio às melhorias contínuas nas condições de oferta, os participantes consideraram que os riscos para alcançar os objetivos de emprego e inflação do Comitô se aproximavam de um melhor equilíbrio. Contudo, os participantes também observaram que as perspectivas econômicas eram incertas e que permaneceram muito atentos aos riscos de inflação”, diz outro trecho.

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Ata do Fomc: alta do PIB refletiu exportações líquidas
O documento mostrou ainda que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre do ano passado foi superior a 3% a uma taxa anual, abaixo do forte crescimento registado no terceiro trimestre, mas ainda acima das expectativas da maioria dos analistas.
O documento mostrou ainda que os participantes observaram que a alta considerada inesperada do crescimento real do PIB no 4TRI23 foi reflexo das exportações líquidas. Muitos participantes atribuíram a recente expansão da atividade econômica à evolução favorável da oferta. Os participantes observaram que o ritmo de criação de emprego passou a um ritmo moderado desde o início do ano passado, mas permaneceu forte, e que a taxa de desemprego permaneceu baixa.
Expectativas de longo prazo bem ancoradas
Os participantes observaram ainda que as expectativas de inflação a longo prazo permaneceram bem ancoradas em um nível considerado consistente com o objetivo de inflação a 2%. As expectativas de inflação a curto prazo também diminuíram recentemente, em alguns casos de volta aos índices dos anos anteriores à pandemia da covid-19.
Além disso, alguns participantes apontaram para relatos de contatos de que as empresas não conseguiam transferir facilmente os aumentos de preços para os consumidores ou estariam realizando reajustes de preços de forma menos frequentes do que fizeram nos últimos anos.
Fed manteve juros pela quarta vez seguida
Na última reunião do Fomc, foi decidid a manutenção da taxa de juros dos EUA pela quarta vez consecutiva, no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano. No comunicado divulgado na ocasião, o comitê do Fed evitou sinalizar quanto poderá iniciar o ciclo de cortes de juros, amplamente aguardado pelo mercado, que tem apostas para março, maio ou para o segundo semestre do ano.
Agora, a ata do Fomc, divulgada duas semanas após a reunião, demonstra uma cautela maior por parte dos membros. Contudo, o documento mostrou que uma leitura direta das taxas de juros futuros sugeriu que os participantes no mercado apostam mais em uma flexibilização significativa da política neste ano do que em dezembro.