A Argentina, que vem passando por uma das mais graves crises econômicas de sua história, registra uma grande expansão de corretoras. Isso ocorre por conta do aumento da procura de investidores argentinos pelo dólar, diante da intensa desvalorização do peso argentino.
O cenário não é dos melhores no país. Na semana passada, um estudo do Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), ligado ao Ministerio da Economia, mostrou que a pobreza tem se espalhado no país, já atingindo uma parcela de 40% da população.
O levantamento mostrou que as pessoas em condições de extrema dificuldade financeira estão concentrados em 31 áreas urbanas do país e atinge um total de 11,8 milhões de pessoas, de um total de 29,4 milhões.
Em relação a números de domicílios, das 10 milhões de casas pesquisadas, 3 milhões estão em situação da pobreza. Isso significa que quase 30% estão em situação de pobreza extrema.
Expansão de corretoras: contratações sobem
Essa situação de extrema dificuldade faz com que ocorra uma corrida por compra de dólares. Com isso, segundo a Bloomberg, as corretoras estão ampliando seus quadros. A ponto de ter quatro vezes mais funcionários, em média, em comparação com 2019, o último ano antes da pandemia da covid-19.
A publicação cita que corretoras que já não atuam mas que ainda têm licença de operação estão vendendo essas licenças em um valor que atinge até US$ 400 mil para que novas empresas possam operar no mercado de capitais argentino.
Enquanto isso, os bancos se esvaziam. A redução de investimentos bancários estão fazendo instituições cortar pessoal. Isso porque a recente estiagem que o país passou no primeiro trimestre do ano fez com que o setor agrícola deixasse de pegar empréstimos. Além disso, títulos do tesouro têm deixado de ser vendidos, diante da perspectiva de calote de pagamento por parte do governo.
Merval: bolsa salta mais de 170% em 2023
Esse é mais fator do paradoxo que a Argentina enfrenta. Para ter uma ideia, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires é um das que mais se valoriza no mundo. De acordo com dados da Bloomberg, no acumulado do ano até esta terça-feira (3), a bolsa argentina tinha uma valorização de 175,85%. Em um ano, a valorização já atingiu 284,29%.
Essa situação de aprofundamento econômico ocorre a poucas semanas do primeiro turno das eleições presidenciais. E o candidato da extrema-direita, Javier Milei, já apresentou sua solução: a dolarização da economia.
Porém, a proposta de Milei, que é líder das pesquisas, não tem agradado economistas e até empresários. Estes últimos querem de fato uma reforma na economia do país, mas resistem a uma possível dolarização.
O empresário Rubén Martin Kaufman, lembra em matéria do jornal Valor Econômico, que a dolarização já havia sido adotada anteriormente e diz ter sido “um desastre”.
Diante desse cenário recheado de incertezas, os argentinos têm corrido para o dólar, como forma de proteger sua moeda, o que acabou levando à expansão de corretoras.
