O chairman do BTG Pactual (BPAC11), André Esteves, afirmou nesta quinta-feira (26) que o Brasil já conhece os caminhos para equilibrar suas contas públicas e que o Congresso Nacional tem condições de aprovar as medidas necessárias, desde que haja liderança com foco na direção correta. A declaração foi feita durante a mesa de abertura do Global Managers Conference 2025, evento promovido pelo banco, em São Paulo.
Em tom crítico, Esteves ironizou a busca por soluções extraordinárias para conter o avanço dos gastos públicos. “É uma coisa nunca antes vista? Precisa trazer ou desenterrar o Einstein para ele ver qual é a ideia mais brilhante que pode ser feita?”, questionou o banqueiro, ressaltando que o desafio fiscal não é exclusividade de governos de esquerda, centro ou direita.
Durante o debate, o economista-chefe do BTG e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, apontou como alternativa “uma medida que parece simples”, mas com potencial de impacto imediato: o fim da política de valorização real do salário mínimo.
Mansueto argumentou que a trajetória de gastos do governo é o principal entrave para o equilíbrio fiscal, e não a arrecadação. “Por alguns anos, talvez nós não tenhamos espaço para ter aumento real do salário mínimo”, disse ele, sugerindo que o foco poderia ser mantido em áreas como segurança, educação, saúde e programas sociais.
Segundo o economista, mais de 90% do orçamento está comprometido com despesas obrigatórias, e a valorização do salário mínimo impacta fortemente os gastos da Previdência Social, já que o benefício é ajustado com base nesse índice. “Se a gente continuar com a política de aumento real do salário mínimo de 2,5%, 3% ao ano, isso impacta muito o crescimento do gasto, nos leva a um cenário de inflação e juros maiores, e prejudica especialmente os mais pobres”, alertou.
O evento reuniu gestores e executivos do mercado financeiro, em um momento em que as preocupações com o rumo fiscal do país voltam ao centro das atenções, especialmente após recentes derrotas do governo no Congresso em temas ligados à arrecadação.
André Esteves estará na Money Week
Com patrimônio estimado em US$ 9,5 bilhões, o banqueiro André Esteves figura entre os principais bilionários do Brasil. Natural do Rio de Janeiro e oriundo de uma família de classe média, Esteves construiu uma das trajetórias mais influentes do setor financeiro nacional, consolidando-se como uma das vozes mais ouvidas da economia brasileira.
Ele está entre os nomes confirmados para a Money Week 2025, considerado o maior evento sobre investimentos do Sul do país. A conferência será realizada no dia 1º de agosto, em Balneário Camboriú (SC), e reunirá especialistas, investidores e executivos do mercado para debater os rumos da economia e as tendências do setor financeiro.
Criado pela mãe e pela avó, ele afirmou que seu principal objetivo ao ingressar na universidade era garantir um emprego, em meio a um cenário econômico extremamente adverso.
“Era um ambiente econômico horroroso”, recordou. “Ter um emprego era o mais importante, era o que todo mundo queria. Empreender era um delírio na época.”
Segundo Esteves, apesar de ter muitos interesses acadêmicos, a realidade financeira da família exigia escolhas práticas: era preciso ingressar em uma universidade pública e escolher um curso que oferecesse boas chances no mercado de trabalho.
“Eu era bom aluno e gostava de muita coisa. Mas fui fazer matemática porque tinha emprego. Eu tinha que entrar em uma faculdade que não precisasse pagar e ela tinha que ser boa”, explicou.
Ele acabou optando por cursar matemática com ênfase em informática na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apostando em uma área que, na época, despontava como uma das mais promissoras. A escolha, guiada pela necessidade, acabou se transformando no ponto de partida de uma das carreiras mais bem-sucedidas do setor financeiro brasileiro.
