Quando ouvimos “13º vem aí”, estamos falando de um momento-chave para muitos brasileiros: a chegada da gratificação natalina — o 13º salário. Esse benefício anual, previsto por lei, representa um reforço no orçamento, especialmente para quem tem despesas típicas de fim de ano ou inicio de ano seguinte.
Segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o 13º salário foi instituído em 1962 e consiste no pagamento de até um salário extra para quem trabalhou o ano inteiro ou proporcionalmente para quem trabalhou parte do ano.
Portanto, ao dizer “13º vem aí”, é praticamente um alerta para o trabalhador que tem o direito a esse montante: é um momento de planejar, de avaliar o que fazer com esse dinheiro.
A expectativa cresce, e com ela a necessidade de decidir: vou usar para pagar dívidas? Vou guardar? Vou gastar nas festas?
Em muitos casos, empresas já comunicam aos empregados que a primeira parcela do 13º será quitada até determinado prazo — o que reforça que 13º é também um sinal para organizar o orçamento. Esse dinheiro não surge “do nada”: ele representa meses de trabalho e merece ser tratado com inteligência.
Calendário e cálculo básico: quando e quanto?
Para fazer uso racional desse dinheiro, o primeiro passo é entender quando ele será pago e quanto será.
Quando cai o 13º?
A lei define que a 1ª parcela da gratificação deve ser paga entre 1º de fevereiro e 30 de novembro de cada ano. Se o dia 30 cair num domingo ou feriado, a data pode ser antecipada para garantir o pagamento dentro do prazo.
A segunda parcela deve ser paga até 20 de dezembro. O 13º refere-se justamente a esse calendário e vale estar preparado para receber ou usar de forma consciente.
Quanto vem no 13º?
No cálculo básico, o valor corresponde à remuneração integral de dezembro dividida por 12 multiplicado pelos meses trabalhados no ano. Para que um mês seja integralmente contado, basta que o trabalhador tenha prestado serviço por 15 dias ou mais nesse mês.
Para quem trabalhou o ano inteiro, isso significa receber praticamente o equivalente a um salário. Além disso, esse valor pode ser maior no caso de adicionais habituais, como horas extras ou adicionais noturnos.
Por exemplo: se o salário bruto for R$ 4.000, e o trabalhador prestou serviço todos os meses com ao menos 15 dias, ele terá direito a cerca de R$ 4.000 na gratificação (antes dos descontos da 2ª parcela).
“Para quem trabalhou o ano inteiro, o cálculo da primeira parcela é o equivalente a metade do salário”, explica Mariza Machado, especialista em Legislação Trabalhista da IOB.
Saber isso permite antecipar o quanto será recebido e decidir racionalmente para onde, vou destinar o salário.
Como planejar o uso racional do 13º
Com 13º vem aí, agora entra a parte decisiva: o que vai fazer com esse dinheiro extra? Aqui estão orientações práticas para orientar esse planejamento.
- Priorize dívidas
Muitos especialistas em finanças indicam que a melhor aplicação inicial do 13º salário é a quitação ou amortização de dívidas, especialmente aquelas com juros altos, como cartão de crédito, cheque especial ou financiamento.
Ao reduzir essas obrigações, você elimina peso no orçamento dos próximos meses — e como “13º vem aí” já significa dinheiro extra para este fim, aproveite esse momento.
Além disso, se o pagamento for dividido em duas parcelas, vale considerar esperar a íntegra e, antes do segundo pagamento, já definir para quais dívidas será direcionado.
- Destine parte para reserva ou investimento
Depois de tratar ou minimizar dívidas, uma segunda camada do planejamento é usar parte desse valor para criar ou reforçar sua reserva de emergência, ou para investir em algo produtivo.
Ao invés de simplesmente gastar tudo, destinar uma fatia para investimentos mais rentáveis ou para renda fixa já traz segurança para imprevistos no próximo ano. Aqui entra a noção de que o 13º não precisa significar apenas consumo — pode ser um impulso para saúde financeira.
Mesmo para quem não está endividado, separar uma parte para investimento pode fazer diferença: ao invés de usar tudo para presentes, festas ou férias, pensar no futuro é uma escolha racional.
- Planeje os gastos sazonais
Um dos motivos pelos quais o 13º salário tem tanta relevância é porque as despesas de fim de ano ou início de ano costumam subir: presentes, férias, material escolar, IPTU, IPVA, entre outros. Relatórios mostram que muitos destinam o 13º para isso.
Logo, saber que 13º vem aí permite antecipar esses compromissos — e dividir o montante: parte para despesas obrigatórias, parte para lazer.
Na prática, isso significa: antes de gastar alegremente, liste os gastos típicos de janeiro ou fevereiro. Quanto desse dinheiro extra será alocado para isso? Quanto poderá sobrar para outras finalidades? Esse tipo de planejamento evita que o reforço salarial seja inteiramente consumido e que o ano comece no vermelho.
Erros comuns ao usar o 13º e como evitá-los
Mesmo com boas intenções, muitos trabalhadores acabam cometendo erros na hora de lidar com esse benefício. Identificar esses “escorregões” ajuda a usar o 13º com mais critério.
Achar que é “dinheiro extra de consumo” sem limite
Quando se sabe que o 13º está vindo , facilmente o pensamento vai para “vou gastar tudo”. Mas transformar o valor inteiro em consumo imediato pode gerar problemas: as dívidas do primeiro trimestre podem se acumular, ou você se verá sem reserva caso algum imprevisto ocorra. Portanto, evitar o consumo desenfreado é fundamental.
Não separar parcela para imprevistos
Alguns especialistas apontam que, mesmo que as dívidas estejam quitadas, é importante reservar parte do 13º para emergências — imprevistos familiares, saúde, desemprego. Ignorar isso significa “queimar” a oportunidade de fortalecimento financeiro com o momento em que o benefício chega.
Deixar para decidir depois
Quando 13º chega, mas você não decidiu o que fazer, o risco é acabar gastando sem planejamento. O ideal é já ter uma “intenção” antes de receber: por exemplo, “vou usar 40% para quitar dívidas, 30% para reserva e 30% para presentes e férias”. Definir isso com antecedência dá mais controle.
Não considerar descontos e tributação
Embora a primeira parcela normalmente não tenha descontos de IR ou INSS, a segunda parcela sim — e isso reduz o valor líquido que chega. Então, não baseie todo o planejamento no valor bruto. Saber quanto cairá “na mão” ajuda a evitar surpresas.





