A falência da FTX, uma corretora de exchange norte-americana com muitos negócios em criptomoedas, deixa 1 milhão de credores na esteira, segundo levantamento do Financial Times.
Na prática, significa dizer que esse volume de investidores, pessoa física e jurídica, foram arrastados pela companhia para a lona.
Conforme o periódico, a firma de Sam Bankman-Fried desencadeou uma ampla investigação global após seus negócios azedarem.
Com isso, dezenas de autoridades se debruçam sobre a empresa, que informa em documentos judiciais que está em contato com promotores federais dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado de capitais dos EUA), a Commodity Futures Trading Commission (CFTC).
Isso se dá em apenas três dias, que foi quando a bolsa de criptomoedas e mais de cem empresas afiliadas entraram com um pedido de recuperação judicial em Delaware (EUA).
Dada a instabilidade da operação, Bankman-Fried concordou em deixar o cargo de CEO às 4h30 do da 11 de novembro de 2022, após reuniões com seus advogados. Ele era, até então, um bilionário com menos de 30 anos.
Para o lugar do ex-presidente foi nomeado o especialista em reestruturações John Ray, que já havia feito um trabalho considerado bom na Enron, uma companhia texana de energia. Além dele, cinco conselheiros independentes foram nomeados para supervisionar empresas associadas, liderados pelo ex-juiz Joseph J. Farnan Jr, depois que o advogado Stephen Neal desistiu de um cargo no conselho.

Entenda o caso FTX
Na última semana a FTX, por meio de seus dirigentes, entrou com pedido de recuperação judicial após autoridades reguladoras financeiras das Bahamas nomearam liquidantes para administrar uma importante entidade da companhia.
Já a Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas disse dia 14 de novembro que obteve aprovação judicial para nomear dois sócios da PwC, um deles baseado no escritório das Bahamas e o outro em Hong Kong, para supervisionar a dissolução da FTX Digital Markets, entidade no centro da vasta plataforma de negociação do grupo.
De acordo com o FT, as autoridades do país caribenho, onde Bankman-Fried morava, estão investigando a FTX, que usou sua base em Nassau para construir uma operação de derivativos de criptomoedas que aceitava dinheiro de milhares de clientes do mundo todo.
Para piorar a situação, a companhia sofreu um “ataque cibernético” dia 11 de novembro, e a Elliptic, empresa de pesquisa de blockchain, estima que US$ 447 milhões foram roubados.
Momento Lehman Brothers
Para alguns analistas e especialistas em cripto, o caso pode ser chamado de momento Lehman Brothers, em menção à crise financeira de 2008.
Isso porque o Lehman Brothers, na época o quarto maior banco de investimentos dos EUA, anunciou sua concordata, à época. O banco tinha 159 anos e até houve uma tentativa frustrada de outras instituições financeiras para salvá-lo, mas ele tinha um prejuízo de US$ 3,9 bilhões.
Berkshire Hathaway
Para Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway, criptomoeda é uma combinação ruim de fraude e ilusão.
Ele já era um crítico contumaz dos criptoativos, e se tornou ainda mais contrário por conta da falência da FTX.
Em entrevista à CNBC, Munger disse que se esse tipo de investimento é uma combinação ruim, destacando que ilusão pode ser algo até mais extremo do que a fraude.
Sua gana pelo ativo chega a tal ponto que costuma chamar o Bitcoin de “estúpido e malvado”.
Investidores PF e PJ
Muitos investidores foram arrastados pelo redemioinho provocado pela derrocada da FTX, dentre os quais algumas celebridades, como o jogador de futebol americano Tom Brady, bem como sua ex-esposa, a supermodelo brasileira Gisele Bündchen. Também a lenda do Boston Red Sox David Ortiz, e outros mais:
- Trevor Lawrence, quarterback do Jacksonville Jaguars;
- Stephen Curry, estrela do Golden State Warriors;
- Naomi Osaka, quatro vezes campeã individual do Grand Slam e ganhadora de sete títulos no Women’s Tennis Association Tour;
- Shaquille O’Neal, quatro vezes vencedor do campeonato da NBA;
- Shohei Ohtani, arremessador do Los Angeles Angels;
- Udonis Haslem, integrante do Miami Heat.
Entre os investidores PJ, destaque para a Alameda Research, a West Realm Series e 130 empresas afiliadas.
Efeito cascata
O efeito cascata decorrente da falência da FTX pode ser observada no mercado de tokens não fungíveis (NFTs).
O caso provocou uma redução média de 25% no preço-base dos itens das dez coleções mais populares do setor nos últimos sete dias.
Levantamento da Dapp Radar mostra que os colecionáveis da Bored Ape Yacht Club (BAYC) acumularam perdas de 35% no período, que acarretaram a perda da liderança do mercado de NFTs para a veterana CryptoPunks e também derrubaram o preço-base dos itens da coleção 84% abaixo de sua máxima histórica, levando em consideração sua cotação em dólares.
Ainda assim, segundo a Cointelegraph, apesar do declínio geral nos preços-base das principais coleções do mercado, os últimos sete dias testemunharam um aumento no número de negociações de NFTs das coleções mais populares do mercado, com destaque justamente para BAYC e o seu spin-off Mutant Ape Yacht Club (MAYC).
“Enquanto a primeira registrou um aumento de 200% no total de itens negociados no período, a segunda testemunhou um aumento de 100%”, frisou.
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