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Crédito Privado: gestores apontam cenários em 2023

Crédito Privado: gestores apontam cenários em 2023

Em uma conjuntura de taxa de Selic em 13,75% ao ano e juros futuros disparando, os títulos de renda fixa têm chamado cada vez mais atenção. 

Os investidores passam a diversificar suas carteiras dentro dessa classe de ativos, em busca de mais segurança e rentabilidade. E neste contexto, se deparam com produtos de crédito privado. 

Para falar sobre o tema, Alejandro Schiuma, gestor de renda fixa e crédito da EQI Asset, recebeu Ricardo Espíndola, da Porto Seguro Investimentos. 

Veja agora alguns insights do encontro e acompanhe o que eles falaram sobre a dinâmica de captação e resgates e os riscos micro e macro desses papéis. 

Crédito privado em 2022: mercado positivo apesar de perspectivas de turbulência

O gestor da Porto Seguro Investimentos, Ricardo Espíndola, resume 2022 como um ano bastante positivo para a performance e captação dos fundos. 

“O aperto monetário impacta na qualidade dos créditos, sendo assim, passamos a encarar o ano com mais cautela. Vimos o começo de uma deterioração dos fundamentos, ao mesmo tempo, um mercado com muita liquidez, o que trouxe algumas oportunidades”, aponta. 

Ele observa que o mercado contava com um cenário desafiador mais à frente, com Selic mais alta e turbulência política. No entanto, ainda não sentiu tais efeitos, pelo menos nos dois primeiros meses de 2023. 

“O Brasil é um pouco diferente do resto do mundo. Quando os juros sobem, há uma migração para fundos pós-fixados e de crédito. Lá fora, ao contrário, costuma haver um estresse maior no mercado de bonds”, observa. 

Alejandro Schiuma, gestor de Renda Fixa e Crédito da EQI Asset, relembra que em 2022, embora as métricas de crédito tenham tido uma leve deterioração, o desempenho das empresas superou as previsões menos otimistas.

“Por mais que tenhamos passado por pressão causadas por despesas financeiras mais elevadas e um custo do refinanciamento subindo nas margens, as empresas entraram no ciclo de desaceleração econômica com balanços ainda bons. Fazer o alongamento do prazo da dívida trouxe um certo conforto nesse sentido”, avalia.

Crise de confiança em 2023 

Espíndola observa, contudo, que dois eventos no mercado de crédito abalaram a confiança dos investidores nesses dois primeiros meses de 2023.

“Tivemos o caso das Americanas e da Light. Isso fez com que um mercado que tinha pouca volatilidade e que vinha em uma toada positiva recebesse os impactos do efeito de saída dos investidores”. 

O gestor ressalta ainda que o estresse causado por crises como essa costuma ser pontual, mas o impacto bate em cima da liquidez, embora os números apresentados pelos gestores permaneçam razoáveis para o momento. “Temos mapeado entre 30 a 40% de caixa nos fundos com liquidez”, observa. 

Oportunidades por setor indicam preferência por empresas líderes e sólidas

Na análise por setor, diante de uma expectativa de Selic alta em 2023 e uma restrição de crédito, o call é de diversificação em empresas sólidas e que ocupem posição de liderança, segundo o gestor da Porto Seguro. 

“Toda essa turbulência vai trazer um aperto adicional ao crédito da economia e as empresas que têm um custo de captação mais alto e liquidez mais baixa vão sofrer. Esse, talvez, seja um dos momentos mais dramáticos, que exige organização fiscal na macroeconomia, contudo, essa não deve ser uma questão sistêmica”, reforça. 

O gestor da EQI Asset, Alejandro Schiuma reitera a análise com uma avaliação positiva para o cenário e acredita que a instabilidade deve passar rapidamente, restando apenas identificar quando será o ponto de inflexão. 

“Já estamos vendo players como bancos e empresas reportando bem, o que mostra que o que aconteceu nas Americanas deve ser um caso isolado. Hoje, a classe de ativos (crédito privado), considerando as taxas de carregamento atuais, se faz muito atraente”, completa Schiuma.

Se você perdeu a live, pode assistir aqui:

Crédito Privado e as projeções para 2023

O que é crédito privado?

O crédito privado é um título de dívida emitido por empresas privadas que estão buscando captar recursos para financiar projetos, expandir suas operações, ampliar sua capacidade produtiva ou até mesmo investir em novas tecnologias.

Para tornar esse projeto realidade, é necessário despender de certo valor em capital. Assim como os bancos vendem CDBs para se capitalizar, empresas privadas podem fazer o mesmo.

Em termos práticos, o crédito privado possibilita a emissão de títulos de renda fixa que beneficiam investidores (que buscam rentabilizar seu capital) e empresas (que buscam capital para colocar em prática seus projetos).

Mas é importante para o investidor ficar atento à solidez da companhia emissora para avaliar os riscos da aplicação. Isso porque esses títulos não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Confira, abaixo, os tipos de crédito privado:

Debênture

Imagine que uma empresa quer viabilizar um projeto novo que terá um custo de R$ 500 milhões. Em vez de solicitar crédito ao banco, ela pode emitir títulos de sua dívida para obter esse financiamento desejado.

Nesse caso, o investidor compra os títulos da debênture através da plataforma de um banco ou corretora, emprestando seu capital em troca de uma taxa de juros.

O tipo de rendimento, as taxas, o vencimento, o investimento mínimo e as garantias variam conforme a empresa. Todas essas informações constam na escritura de emissão, que pode definir até mesmo onde serão investidos os recursos captados com as debêntures.

Como você pode notar, as debêntures são títulos bastante distintos entre si. Afinal, podem trazer vencimento, remuneração, rendimentos, garantias e riscos variados, dependendo do caso. Por isso, cada opção deve ser analisada com cautela e se possível em conjunto com seu assessor de investimentos.

O prazo de investimento pode variar bastante de uma debênture para outra, de acordo com as características do financiamento buscado pela empresa, mas geralmente são prazos mais longos. Há títulos de alguns meses ou mais de 10 anos.

É importante lembrar que, não necessariamente, o investidor precisa carregar uma debênture até o final do período, afinal ela pode ser negociada no mercado secundário. 

O mercado secundário é uma forma de oferecer liquidez aos títulos, o valor pago pelo comprador do ativo é recebido pelo vendedor e não pela empresa emissora, dessa forma os investidores podem trocar de mãos os ativos.

Debênture Incentivada

As debêntures incentivadas são aquelas com isenção fiscal, ou seja, o investidor não precisa pagar imposto de renda sobre a rentabilidade. 

Normalmente, esse benefício é dado aos títulos que buscam financiar atividades em segmentos específicos, que tenham relação com o desenvolvimento da economia.

Alguns exemplos: construção de portos e aeroportos, transmissão de energia, melhoria de rodovias e ferrovias, logística e saneamento básico.

foto de pilhas de moedas

CRA e CRI

Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) são títulos de crédito privado emitidos por securitizadoras que geram um direito de crédito ao investidor.

Assim, quem compra um CRI ou CRA tem direito a receber uma remuneração do emissor, aplicando em um produto que, por sua vez, capta recursos para financiar projetos de investimento no mercado imobiliário ou do agronegócio para uma companhia específica.

A principal vantagem dessas aplicações é que, por se tratar de setores essenciais para o desenvolvimento da economia, não há cobrança de imposto de renda nem incidência de IOF sobre esses investimentos.

Assim como as debêntures, esses títulos não contam com a garantia do FGC, o que exige bastante atenção por parte do investidor em relação ao risco de crédito do emissor.

FICD

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) consistem em fundos formados por títulos negociáveis com os valores que as empresas têm a receber. Que, por sua vez, podem ser cheques pré-datados, parcelas de cartões de crédito, aluguéis ou duplicatas. No entanto, são restritos, pelo menos até o momento, aos investidores com mais de R$ 1 milhão (qualificados).

(Redação com Cláudia Zucare e Vanessa Araujo)