O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE caiu 10,8 pontos em novembro, ao passar de 98,0 para 87,2 pontos, menor patamar desde abril (85,9 pontos). Na métrica de médias móveis trimestrais, houve queda de 4,1 pontos, primeira queda após oito meses consecutivos de resultados positivos.
Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (29) e, para o economista do Ibre/FGV Rodolpho Tobler, a deterioração da confiança do comércio ocorre pelo segundo mês consecutivo e chama atenção pela intensidade e disseminação da sua queda. Os empresários percebem uma forte desaceleração da atividade no momento e projetam piora para os próximos meses, em linha com um cenário mais restritivo de elevada taxa de juros, inflação e redução do ímpeto de consumo dos consumidores.
“Além disso, a despeito do fim do período eleitoral, fatores políticos parecem contribuir negativamente com o cenário limitando a melhora dos negócios nos próximos meses, o que torna difícil vislumbrar a trajetória da confiança nos próximos meses”, disse.

Confiança do Comércio da FGV
Conforme o levantamento, a queda da confiança em novembro foi disseminada nos seis principais segmentos do setor e ocorreu nos dois horizontes de tempo. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) despencou 12,6 pontos para 89,7 pontos, menor desde março (92,9 pontos). Os dois indicadores que compõe o ISA-COM também tiveram significativa queda no mês, o volume de demanda atual caiu 11,6 pontos e a situação atual dos negócios 13,5 pontos.
Já o Índice de Expectativas (IE-COM) recuou 8,6 pontos, para 85,2 pontos, menor nível desde julho (84,8 pontos) influenciado pela piora das perspectivas de vendas nos próximos meses cujo indicador diminuiu 10,8 pontos e da queda de 6,2 pontos no indicador que prevê a tendência dos negócios nos próximos seis meses.

Fatores que limitam a melhoria dos negócios
Todos os meses as empresas respondem quais fatores limitam a melhoria da sua empresa. Além dos fatores apresentados (como demanda insuficiente, custo financeiro, competição e mais itens) as empresas podem outros fatores que elas julgam importantes. Esses fatores são categorizados e distribuídos, como no gráfico abaixo, e é possível notar um aumento de fatores políticos como limitação de melhoria das empresas nos dois últimos meses.
Confiança de Serviços
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do FGV IBRE caiu 5,4 pontos em novembro, para 93,7 pontos, acumulando perda de 8,0 pontos nos dois últimos meses e retornando ao menor nível desde março deste ano (92,2 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice também recuou, desta vez, 2,3 pontos
“A confiança do setor de serviços caiu pelo segundo mês consecutivo e chama atenção por seu comportamento disseminado nos dois horizontes temporais, entre os segmentos e pela magnitude da queda. A desaceleração da atividade econômica no final do ano era esperada, mas não era clara no setor nos últimos meses principalmente pela resiliência dos serviços prestados às famílias que agora pioraram fortemente. Além disso, apesar do término do período eleitoral, fatores políticos passaram a ser muito citados como limitadores a melhor dos negócios nos próximos meses, o que eleva a incerteza do cenário no curto prazo e um ambiente macroeconômico delicado em 2023”, destacou Tobler.
A queda do ICS neste mês foi influenciada pela piora das avaliações das empresas sobre a situação corrente e, principalmente das expectativas nos próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISACST) caiu 3,1 pontos, para 96,9 pontos, menor nível desde abril deste ano (96,0 pontos). Este resultado foi influenciado pela deterioração de dois componentes do ISA-S: indicador de volume de demanda atual retraiu 2,9 pontos, para 96,6 pontos, e o indicador que mede a situação atual dos negócios que recuou 3,3 pontos, para 97,1 pontos.
O Índice de Expectativas (IE-S) caiu 7,5 pontos, para 90,7 pontos, menor nível desde abril de 2021 (88,7 pontos). Contribuiu para esse resultado a queda de dois componentes do índice: indicador que mede a demanda prevista nos próximos três meses que caiu 6,3 pontos, para 91,5 pontos, e o indicador de tendências dos negócios nos próximos seis meses que despencou 8,6 pontos, para 90,0 pontos, o menor desde abril de 2021 (89,6 pontos).

Segmentos
A queda da confiança nos últimos dois meses é maior do que o setor conseguiu acumular em 2022. Esse resultado também acontece em alguns dos principais segmentos, exceto no setor de informação e comunicação, que tem tido um desempenho mais positivo desde o início da pandemia, e do segmento outros. O segmento de serviços profissionais, prestados às famílias e de transportes puxaram a queda mais acentuada no último bimestre.

- Quer saber mais sobre a Confiança do Comércio e aprender a investir em ativos de proteção? Clique aqui!