Os preços do ouro e da prata começaram a semana em forte alta, alcançando novos máximos históricos em um período de negociações mais curto. O movimento ocorre em um momento tradicional de reequilíbrio de portfólios, quando investidores ajustam posições antes do fim do ano e reforçam apostas em ativos considerados mais seguros.
O ouro foi negociado pela última vez a um preço recorde de US$ 4.445,8 por onça, enquanto o ouro à vista estava cotado a US$ 4.414,99. Desde o início do ano, a valorização acumulada já se aproxima de 70%, refletindo a mudança de humor dos mercados globais diante de riscos econômicos e geopolíticos.
A prata acompanhou o movimento e também renovou máximas. O metal alcançou US$ 68,96 por onça no mercado futuro, com o preço à vista em US$ 68,98. No acumulado do ano, a alta chega a expressivos 128%, reforçando a correlação histórica entre os dois metais em períodos de maior incerteza.
Metais preciosos como refúgio em tempos de incerteza
A disparada nos preços do ouro e da prata ocorre em um contexto de maior cautela entre investidores. Apesar do recente corte de juros pelo Federal Reserve em 10 de dezembro e do retorno do otimismo em setores como inteligência artificial, as projeções para o próximo ano voltaram a despertar preocupação.
O ouro, tradicionalmente visto como ativo de refúgio, ganhou força à medida que ativos de risco perderam valor ao longo do ano. Em momentos de turbulência econômica ou instabilidade geopolítica, o metal costuma atrair fluxos de capital por preservar valor no longo prazo.
Esse comportamento se reflete também no desempenho de empresas do setor. Nos Estados Unidos, ações de mineradoras de ouro e prata negociadas em bolsa subiram no pré-mercado, com o ETF iShares MSCI Global Gold Miners avançando cerca de 2,7%, acompanhando a valorização dos metais.
Déficits fiscais e credibilidade monetária no centro do debate
Para analistas, fatores estruturais ajudam a explicar o movimento. Segundo Matthew McLennan, chefe da equipe global de valor da First Eagle Investments, os elevados déficits fiscais em grandes economias reacenderam o apelo do ouro. “O valor do ouro como uma potencial proteção monetária ressurgiu”, disse ele à CNBC.
De acordo com McLennan, “Devido aos enormes déficits fiscais nos EUA, Reino Unido, Europa e, cada vez mais, no Japão e na China, ‘o valor monetário do ouro ressurgiu, sem dúvida’”. Em entrevista ao programa “The Exchange”, da CNBC, em 17 de dezembro, ele afirmou: “O valor do ouro como potencial proteção monetária ressurgiu”.
“O ouro passou de estar desvalorizado em relação aos ativos nominais que você usaria como proteção potencial contra a volatilidade, para um valor mais racional. E acredito que os outros metais preciosos acompanharam essa valorização, impulsionados por alguma alavancagem”, completou McLennan.
Olhar atento para o Fed e para a inflação salarial
Além dos déficits, investidores acompanham de perto a corrida pela nomeação do próximo presidente do Federal Reserve. A independência e a credibilidade do banco central estão em debate após pressões políticas sobre o atual presidente, Jerome Powell, o que adiciona mais incerteza ao cenário.
“O que nos interessa aqui é a credibilidade fiscal de longo prazo dos Estados Unidos, porque acredito que essa seja a condição essencial para termos um Fed independente e um presidente racional”, acrescentou McLennan.
Outro ponto de atenção é a inflação salarial. “Então, o que realmente importará daqui para frente é se as vagas de emprego, que aumentaram recentemente, acompanharão o aumento dos lucros corporativos”, disse ele. Esse conjunto de fatores ajuda a explicar por que os preços do ouro e da prata seguem em alta e permanecem no radar dos investidores globais.






